Direção:
Hugo Stuven
NETFLIX
As Ilhas
Canárias e a beleza deslumbrante de uma área desértica frente ao mar, a praia de
Jarujo, é o cenário que vai se transformar de sonho em pesadelo para Alvaro
Vizcaino (Alain Hernandez), jovem de trinta e poucos anos, bonito, surfista e
“bon vivant”.
De dia, a
adrenalina das ondas altas que quebram muito perto das rochas, é um perigo que
ele e outros procuram.
Um desafio
que faz aqueles jovens se sentirem mais vivos e, ao mesmo tempo, os impede de
pensar sobre as próprias vidas.
De noite,
festas na praia, fogueiras, música e dança, bebida e drogas. E encontros
casuais. Procuram liberdade e diversão.
Havia Ona
(a bela Alda Garrido) a quem Alvaro levara para um jantar atrás das dunas, à
luz de velas, e uma bela Lua Nova no céu. Mas o casal brigava muito por
ciúmes e
infidelidades de Alvaro, que não queria aprofundar laços nem com Ona nem com
ninguém.
Ele se
armara contra os afetos. Usava uma armadura autista para não enfrentar a
própria fragilidade. Achava que era autossuficiente. Onipotente.
Alvaro e
Nelo (Bem Temple) combinaram aproveitar a vida juntos, surfando todas as ondas,
as melhores e conquistando também as mulheres.
Mas Alvaro
vai ficar sabendo que Nelo se apaixonara e ia largar aquela vida dos dois.
Sentindo-se atraiçoado, Alvaro bebe muito e dorme no carro, na praia mesmo.
Acorda no
dia seguinte de ressaca. Estava sozinho. Pois bem, que assim seja. Com
esse espírito, vai descendo as dunas de areia apoiadas nos rochedos que dão
para o mar. Sua mente está longe.
E não deu
outra. Escorrega num passo mal dado e lá se vai areia abaixo, de bruços, como
num tobogã gigante.
A queda acontece.
Assustadora. Quebrou o quadril, a mão, sangue no braço e na testa.
Inconsciência, frio e medo.
Foram horas
de luta com o mar na maré cheia e um sono atormentado numa nesga de areia
quando o mar retrocedia.
E os
demônios interiores atacam. Lembranças, temores e culpa. Ali ele não vai
conseguir escapar de si mesmo como sempre fazia.
O diretor
espanhol Hugo Stuven, em seu segundo filme, conseguiu criar suspense e medo com
muito pouco. Cenas difíceis, filmadas à altura dos olhos de Alvaro entre as
ondas que o jogam nas rochas e com um drone mostrando como somos um nada na
imensidão azul.
As cenas
são belíssimas, fotografadas com talento por Angel Iguácel, numa natureza de
azuis, beges e negros.
“Solo” é um
filme que conta um fato da vida real. E parece impossível um ser humano ter
sobrevivido a tantas quase mortes. Mas assim foi e mexeu profundamente com
Alvaro, que passou a viver transformado para sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário