Direção: Kheiron Tabib
Dois cúmplices inesperados roubam, com engenho, as compras
de supermercado de velhinhos desavisados. Bem, nem tão velhos assim, porque
conseguem correr atrás do jovem Wael (Kheiron) que simula roubar a bolsa de
Monique (Catherine Deneuve), distraindo assim o bem intencionado que quer
recuperar a bolsa, enquanto ela foge com tudo do carrinho dele.
Até um dia que o golpe dá errado porque Monique é
reconhecida por Victor (André Dussolier) que foi seu amigo na juventude. Ele
convida os dois para trabalhar com ele, ajudando estudantes que não se
comportaram bem na escola, faltaram muito ou foram pegos com armas. É uma
segunda chance de reeducação durante as férias, apoiada pelo governo.
O diretor e ator Kheiron Tabib, 36 anos, em seu segundo
longa (“Nous Trois ou Rien” 2015) escreve também o roteiro, utilizando memórias
de sua própria vida. Ele nasceu no Irã e veio para a França com a família para
fugir da revolução dos aiatolás.
Seu olhar de simpatia, bom humor e compreensão para com os
adolescentes imigrantes ou filhos de imigrantes faz toda a diferença na vida
deles.
Catherine Deneuve, a eterna musa do cinema francês, desapega
de seus papéis de dama aristocrática e faz uma senhora que vive na periferia
com Wael, por quem tem um carinho enorme. Vivem juntos e ela quer que ele
consiga melhorar de vida, apostando em seu talento e bom coração. Em
“flashbacks”, a história dos dois é contada.
Mas na tradução do título original, “Mauvaises Herbes”, foi
preterido e foi escolhido o título em inglês, “Bad Seeds”, que se aprimorou
aqui em “Sementes Podres”. Nada mais longe da intenção do roteirista, diretor e
ator do filme, Kheiron, que usou uma frase de Victor Hugo (1802-1885), famoso
escritor francês de “Les Misérables”, como epígrafe para seu filme:
“Não há nem ervas daninhas, nem homens maus. Há sim, maus
cultivadores.”
Como podem ver, Hugo não fala em sementes, nem más nem muito
menos podres. Falou de ervas daninhas, que o bom jardineiro arranca para não
prejudicar o crescimento das sementes boas. É o trabalho do educador que
estimula as qualidades do aluno, cuidando para que ele cresça, amadureça.
O filme é um conto não moralista mas que aponta para a
esperança como a qualidade principal para um educador. Merece ser visto.
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