domingo, 7 de junho de 2015

Promessas de Guerra


“Promessas de Guerra”- “Water Diviner”, Estados Unidos 2014
Direção: Russell Crowe

Estamos em 1915, num território da Primeira Guerra, na batalha de Galipoli, onde perderam a vida 4.000 australianos e neozelandeses do Army Corps, que integrava as forças britânico- francesas e 7.000 turcos, defendendo suas terras, ainda parte do Império Otomano. Fala-se de um total de 200.000 mortos nos dois exércitos que se enfrentaram. Foi uma carnificina.
Na Austrália, um homem e um cachorro andam por terras desertas. Ele procura água com um instrumento rudimentar na mão. Mas não são as varinhas que vão encontrar a tão rara água naquelas terras ressecadas, e sim o homem, que possui dons misteriosos.
Sabemos de suas estranhas visões sobre a guerra, bombas, gritos de dor e um dervixe que roda sem cessar.
De volta à casa, Joshua Connor (Russell Crowe, ator e agora diretor estreante) encontra sua mulher deprimida, chorando a perda dos três filhos deles naquela guerra distante. Quatro anos já se passaram e não há notícias sobre os rapazes, soldados voluntários, dados como desaparecidos, talvez mortos.
Ele olha com piedade para aquela mãe, enlouquecida de dor, que pede que ele leia uma história para os filhos, que ele sabe que não estão mais ali.
E é quando encontra o corpo dela, boiando sem vida no pequeno lago, que ele toma a decisão de ir atrás dos corpos dos filhos, ou do que resta deles, para dar-lhes sepultura em solo sagrado.
Vemos quando desembarca em Istambul, depois de uma longa travessia num barco que o trouxe da Austrália e começa a rastrear os filhos com os mesmos dons com que acha água.
Não foi tão fácil.
Ele vai a Galipoli. Mas numa terra onde se empilham milhares de caveiras sem nome, como encontrar os restos dos três rapazes?
Russell Crowe debuta na direção com esse filme que ousa ser antiquado e melodramático, com imagens terríveis de corpos estraçalhados nas trincheiras e homens que se matam com as mãos nuas, esgotadas as munições e perdidas as baionetas que atravessaram tantos corpos.
Era assim a guerra no começo do século XX.
Connor tem a ajuda de um oficial turco, major Hasan (o ótimo ator turco Yilmaz Erdogan de “Era Uma Vez na Anatólia”) e se instala na casa da viúva Ayshe (Olga Kurylenko, mais bonita do que boa atriz), levado pelo filho dela, o menino Orhan (Dylan Georgiades).
“Promessas de Guerra” tem bela fotografia, produção de arte sofisticada e cenários reais que mostram a Mesquita Azul, o palácio Topkapi e suas cisternas milenares. Outras cenas recriam campos de batalha na Austrália com perfeição.
É um filme bem feito, uma mega produção que poderia ganhar em ritmo se fossem cortadas algumas cenas repetidas, cruciais para o entendimento da história, mas que não fariam falta se vistas uma só vez.
Agradará a quem gosta de filmes “retrô” e nos faz pensar em como todas as guerras são terríveis e insensatas.

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