Direção: Gilles Paquet-Brenner
Existem lugares escuros na alma humana. Neles, a luz da
consciência brilha tênue, o que faz com que tudo fique indistinto ou claramente
assustador, se assim acreditamos.
Esse é o dilema de Libby Day (Charlize Theron).
Quando ela era pequena, sua família fora massacrada de
noite, no escuro. Um horror que a fez fugir correndo para se esconder, tremendo
de medo e muito confusa.
Em sua memória, aquela noite era um lugar escuro, onde
ela mal distinguia o que acontecera. Seu depoimento à polícia, inculpando o
irmão Ben (Tye Sheridan faz o garoto e Corey Stoll, o adulto na prisão), era
algo que a torturava. Porque se tivesse sido ele mesmo que cometera esse ato
impensável, ela também tinha a mesma maldição pairando sobre ela. O sangue ruim
do pai (Sean Bridgers), bêbado e alucinado, marcara para sempre o destino dela e
de Ben?
Mas a lembrança mais forte ainda era do rosto de sua mãe
(Christina Hendricks) , naquela noite.
A pequena Libby tinha episódios de sonambulismo e neles,
sempre ia até a cama da mãe. Naquela noite fatídica, ela lembrava bem, tinha
acordado com a mãe dizendo que a amava, e isso não era uma coisa
comum:
“- Eu te amo Libby, minha joaninha. Nunca se esqueça
disso”, a mãe lhe dissera com uma expressão de tristeza no
rosto.
A caçula de três irmãs, Libby escapara com vida daquela
tragédia, bem como seu irmão Ben, que todos diziam na escola que estava
encrencado. Falavam que Ben era adepto do satanismo, que namorava uma garota do
mal (Chloe Grace Moretz)) e que molestara não só uma menina (Drea de Matteo),
mas muitas outras. Só podia ter sido ele quem fizera aquele horror. Tanto
sangue...
Adulta, Libby ainda arrasta uma culpa pesada. Ela
sobrevivera. Por que? Qual a explicação?
Convidada por um sujeito (Nicholas Hoult) que escrevera
uma carta para ela, Libby vai visitar um lugar estranho, frequentado por pessoas
que se interessavam por crimes e assassinatos não resolvidos ou mal
solucionados.
Libby, que sobrevivia às custas da caridade alheia e
também da curiosidade que despertava nas pessoas, está desesperada atrás de
dinheiro.
Lye, que a convidara para o Clube da Morte, faz
perguntas insistentes que a torturam mas que a levam, finalmente, a pensar
melhor sobre todos os acontecimentos que jaziam na penumbra do passado e que
finalizaram na noite do massacre.
Ela vai deparar-se com o que não quis ver naquela noite.
Vai trilhar um caminho que lançará alguma luz naquele lugar escuro em sua
mente.
Charlize Theron produziu e atua nesse filme de mistério,
com seu belo rosto escondido quase o tempo todo sob um boné, parte da composição
da personagem Libby, com baixa auto-estima e massacrada pelo
passado.
O diretor francês, Gilles Paquet-Brenner do ótimo “A
Chave de Sarah”2010, conduz bem a trama, com muitos “flash-backs”, adaptação do
livro da mesma autora de “Garota Exemplar, Gillian
Flynn.
Um filme para quem gosta de desvendar
segredos.
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