Direção: Jacques
Audiard
Às vezes, o amor floresce
onde menos se espera. Nada parece unir aqueles seres, aparentemente sem nada a
ter um com o outro.
O que acontece, talvez, é
que a agressividade, mal usada, afasta quem poderia ser descoberto pelo coração.
Uma crise pode uni-los, ensinando a usar a agressividade em benefício próprio.
“Ferrugem e Osso” é a história de duas pessoas assim.
Uma delas é Ali (o
excelente ator belga Matthias Schoenaerts), ex-lutador de box e pai por
obrigação, que vai procurar a irmã em Antibes, sul da França.
Ela acolhe os dois e
cuida de Sam que tem cinco anos. Ali procura emprego e vai ser segurança numa
boate.
É lá que ele conhece
Stéphanie (Marion Cotillard), que ele resgata ensanguentada do chão, em meio a
uma briga. Ela é parecida com Ali, violenta e quieta.
Depois de culpar a moça
pela briga, por causa dos trajes que ela usa, ele a leva para casa. Lá ele vê as
fotos com as orcas e pergunta surpreso:
“- É
você?”
O rapaz que vive com ela
faz cara feia mas ela não dá atenção e providencia gelo para a mão machucada de
Ali, que deixa seu telefone com ela.
No Aquário de Antibes, a
música anuncia o show das orcas. Stéphanie e seus colegas, aparecem no
palco.
O voo dos belos animais,
suas piruetas no ar, aquelas enormes baleias obedecendo às mãos dos seus
treinadores, maravilham o público.
Mas, naquele dia, fora do
programa, em câmara lenta, uma orca invade a passarela. Destroços boiam. O corpo
inerte de Stéphanie flutua na água azul ensanguentada.
Horror.
Ela sobrevive mas
preferia ter morrido. Afunda em depressão.
Nesse momento de sua
vida, Ali reaparece. Ele não tem pena dela. Mas ajuda do jeito certo. A história
deles vai começar.
“Ferrugem e Osso” foi
adaptado de um conto de Craig Davidson pelo diretor Jcques Audiard, conhecido
por seu filme “O Profeta” de 2009, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro
e que ganhou o Grande Prêmio do Juri no Festival de Cannes.
A grande estrela do filme
é Marion Cotillard, indicada novamente a melhor atriz do Oscar por esse papel.
Ela já tem um, por “La Vie en Rose”, onde interpreta Piaf e já foi dirigida por
grandes diretores, inclusive Woody Allen, em “Meia Noite em
Paris”.
“Ferrugem e Osso” é uma
história bem contada com elementos dramáticos emocionantes. Jacques Audiard
conduz o filme num ritmo sem tropeços e existem cenas lindas de
arrepiar.
A preferida de Marion
Cotillard é a que ela filmou com a grande orca no Aquário, depois da tragédia de
sua personagem. Há uma relação comovente entre a baleia e a atriz, filmada sem
truques, em grande enquadramento. Põe a plateia em silêncio e alguns em
lágrimas.
“Ferrugem e Osso” é
daqueles filmes imperdíveis e inesquecíveis. Vai agradar a todos pela verdade e
força das interpretações e da direção firme e sensível de Jacques Audiard, um
nome que devemos guardar na memória.
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