Direção: Sofia
Coppola
O desejo secreto ou mesmo
explícito de ter mais do que os quinze minutos de fama de que falou Andy Warhol,
é o centro de “Bling Ring”.
A diretora Sofia Coppola,
42 anos, filha do célebre cineasta Francis Ford Coppola, da trilogia “The
Godfather - O Poderoso Chefão”, ocupa um lugar privilegiado na lista de jovens
diretores de cinema.
Ela fez sucesso desde o
seu primeiro filme, “Virgens Suicidas”1999 e continuou fazendo com os que se seguiram:
“Encontros e Desencontros”2003, “Maria Antonieta”2005, “Um Lugar Qualquer”2010.
Além de escrever seus próprios roteiros, ela também produz seus filmes. Desde
criança, Sofia participou do mundo do cinema fazendo figuração nos filmes do pai
e atuando como atriz.
Mas é como diretora que
ela mostra a que veio:
“... o que me move é
sempre essa vontade de colocar minha câmera perto de pessoas que não estão
confortáveis com elas mesmas ou com o mundo.”
Em “Bling Ring” ela
mostra, como que em um documentário, ao som de músicas bem escolhidas, a vida de
jovens que vivem em Los Angeles e que se enrascaram com a polícia, quando foram
pegos depois de invadir e roubar casas de celebridades como Paris Hilton,
Lindsay Loham e Audrina Patridge. E é tudo verdade.
Aconteceu entre 2008 e
2009.
Em 2010 foi reportagem da
revista de moda e comportamento dos famosos, “Vanity Fair”. “Os Suspeitos Usavam
Louboutins” era o titulo do artigo de Nancy Jo Sales, que entrevistou os jovens
e suas famílias. Virou livro e agora filme.
Ninguém ali precisava
roubar nada. Todos os jovens da gangue eram de classe média alta. E todos
obcecados pelos sites, Face e notícias frescas da internet sobre as celebridades
que moravam na mesma cidade que eles.
Entrar nas casas era
fácil. Como em um templo, eles se maravilhavam com os tesouros guardados nos
closets e banheiros das pessoas que eles admiravam.
Um rapaz e quatro
garotas. Nicki (Emma Watson), Mark (Israel Broussard), Rebecca (Katie Chang),
Sam (Taissa Farmiga) e Chloe (Claire Julian), extasiados, jogavam-se sobre as
bolsas Hermès e Chanel (“é uma Birkin!”), os vestidos (Oh! Um Hervé Leger!” ou
“um Balenciaga!”) e as joias, maquiagem, perfumes, óculos e sapatos (“Olhem os
Louboutins!”).
Levavam o que podiam,
roubavam carros e, pior, não se preocupavam com as câmeras de segurança filmando
tudo e, proeza máxima, postavam fotos com os “achados”, como aquela de uma das
garotas com a bolsa amarela Chanel no Face.
Depois dos saques, iam
beber, dançar e se drogar nos “night clubs” da moda, onde se pavoneavam com suas
histórias excitantes.
Acabaram na
delegacia.
Mas o que
buscavam?
Na sociedade consumista
em que vivemos, poucos não vão entender o que esses garotos queriam. Porque
parece que é o desejo oculto ou explícito de muita gente. A fama a qualquer
custo. A moda como fetiche.
Pobres meninos ricos.
Comprar uma identidade a esse preço, aos olhos da maioria, foi uma aventura
suicida. Mas não para Nick, interpretada com humor por Emma Watson, que finaliza
“Bling Ring” anunciando que suas aventuras estarão em breve num site
dela.
O filme de Sofia Coppola
é um depoimento sobre a nossa triste cultura de massa superficial e seus
valores. Mas atire a primeira pedra quem nunca se interessou por isso. São
indivíduos muito raros.
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