Direção: Sally
Potter
É sob o signo do cogumelo
da bomba de Hiroshima, 1945, que duas mulheres dão-se as mãos, numa sala de
parto em Londres, para aguentar melhor as dores do nascimento de duas
meninas.
Ginger e Rosa são
inseparáveis. No balanço, estão de mãos dadas, enquanto suas mães conversam
sobre seus problemas com os maridos. O pai de Rosa partiu quando ela nasceu e o
de Ginger (Alessandro Nivola) vive se separando e voltando para Nat, a mãe
(Christina Hendricks).
Um salto no tempo e vamos
para 1962 quando as meninas já são adolescentes mas ainda não começou a
“swinging London”. Continuam fazendo tudo juntas, em meio a muitas risadas e
segredinhos. Vestem-se iguais, cabulam aula, passam a ferro o cabelo uma da
outra, deitam-se na banheira com seus jeans para desbotá-los, brigam com as mães
e fumam seus primeiros cigarros.
Mas quando começa o tema
rapazes, Rosa (a estreante Alice Englert, filha da diretora Jane Campion) é mais
desinibida e interessada no assunto que Ginger, a ruiva, que mais observa o
comportamento de Rosa nas vielas escuras onde vão para
namorar.
“- Prefiro que o mundo
nunca acabe, para encontrar o amor perfeito, que dura para sempre”, sonha
Rosa.
“- Mas você não acha que
devemos fazer algo para deter essa bomba que vai nos destruir?” responde
Ginger.
Ela quer ser poeta, gosta
de jazz, de política e sabe quem é Simone de Beauvoir e Bertrand
Russell.
A partir daí as meninas
vão se separando, cada uma ligada em seus interesses.
Rosa é claramente mais
sedutora e o pai de Ginger, Roland, combina nisso com ela. Nas cenas dos três,
Ginger sente-se excluída e vê-se a raiva brilhar em seus olhos emoldurados por
cabelos de fogo.
São fúrias edípicas
próprias da idade e perfeitamente explicáveis? Misturam-se aos ciúmes que sente
da amiga e ao medo de tornar-se mulher?
Quando Ginger chegar a
extremos, observamos uma nota mais pesada em seu comportamento
adolescente.
A crise dos mísseis de
Cuba que esquentou a Guerra Fria, faz Ginger enterrar-se no medo do apocalipse,
para não sofrer demais com o que acontece ao seu redor, onde as emoções
explodem.
O padrinho Mark e seu
companheiro (Oliver Platt e Timothy Spall) ajudados por Bella (Anette Benning)
bem que tentam trazer Ginger de volta à realidade e torná-la mais
razoável.
“Ginger & Rosa” é um
filme sobre a passagem da adolescência para a vida adulta, realizado com o
talento e as memórias afetivas da diretora e roteirista Sally Potter, 65 anos. É
forte e delicado, impactante mas compreensível, como essa fase da vida das
meninas, de descobertas sobre a vida e o amor.
A talentosa Ellen Fanning
é o centro do filme e consegue convencer como uma mocinha de 17 quando tinha só
13 anos quando o filme foi rodado.
A trilha sonora é
deliciosa e o público deixa o cinema ao som de “The Man I Love” no piano de
Thelonius Monk, bem impressionado com “Ginger & Rosa”, um filme
marcante.
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