Depois de Maio”- “Après
Mai”, França 2012
Direção: Olivier
Assayas
Assim que o filme começa,
somos avisados que estamos em 1971, “não longe de Paris”.
Em uma sala de aula,
vemos um professor ler para sua classe de jovens de 16, 17
anos:
“Nada existe além da
vida, que é a coisa mais frágil.”
Esses jovens, que ainda
eram crianças em 68, quando aconteceu em Paris uma mobilização da juventude como
nunca antes se vira, também vão ter seus choques com a polícia, em cenas onde
existe um corpo a corpo violento, jovens e policiais se enfrentando para valer,
porrete na mão, em meio à fumaça das bombas, sirenes, balas de borracha e
correria.
Gilles (Clément Metayer)
está lá, com seu grupo do liceu e parece que concretizam o que toda juventude
exercita: a ideia de mudar o mundo e rebelar-se contra o “status
quo”.
Mas claro que o amor e o
sexo convivem mão na mão com a política.
E Gilles encontra Laure
(Carole Combs) em meio a árvores verdejantes de um bosque de verão, ela de
vestido branco comprido de rendas, ele com uma camiseta colorida, pintada a mão.
Mas é uma despedida. Ela
conta que vai para Londres com a família, mas que vai escrever para
ele:
“- Você tem outro?”
pergunta Gilles.
“- Não sei. Pode ser.
Tenho que pensar. Mas não quero te perder.”
Para Gilles resta outra
alternativa. Voltar seus olhos para sua colega Christine (Lola Créton) que
também gosta de cinema como ele e é menos complicada do que
Laure.
O ativismo dos garotos do
grupo de Gilles é a pichação com palavras de ordem e a confecção de um
jornalzinho com ideias anárquicas, fruto de discussões intermináveis. Mas tudo
vai desembocar perigosamente numa noite de “coquetéis Molotov”, lançados contra
os vigias que tinham delatado os pichadores na escola. Algo saiu errado e um dos
vigias é gravemente ferido, o que leva o grupo de jovens a debandar cada um para
um lado.
Gilles e Christine vão
para a Itália e em meio à garotada de várias partes do mundo, conhecem um grupo
de cinema engajado e Christine identifica-se com eles. E lá vai ela para destino
ignorado com esse pessoal.
Gilles e seu amigo Alain
(Felix Armand), que compartilham o gosto pela pintura, visitam Pompéia e é se
inspirando nos afrescos, mosaicos e corpos cobertos de lava do Vesúvio de um
passado distante, que os dois percebem que escolheram a arte e que esse é o
caminho deles.
E o filme que começa com
todas aquelas ideias de mudar o mundo onde vivem, vai dar numa viagem de
autoconhecimento e escolha do que vão fazer com o resto de suas
vidas.
Olivier Assayas fez um
filme bonito e terno, com uma reconstituição maravilhosa de época, para contar a
história de sua geração, onde prepondera o idealismo e o amor sobre a
autodestruição e no qual, o fazer cinema é colocado em
relevância.
Alguns cobraram o fato de
que o diretor teria falado só da “sua” geração, de experiências de uma juventude
burguesa, mais dada a descobertas de prazeres do que a um trabalho duro de
sobrevivência como a grande maioria.
De qualquer modo, Olivier
Assayas que dirigiu um filme altamente engajado como “Carlos”, tem o direito de
nos mostrar como foi que chegou a ser quem é. Um grande nome do cinema, sem
sombra de dúvida.
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