Direção: Dustin
Hoffman
Para quem gosta de ópera
é uma delícia. Para os que apreciam boas atuações é um prazer. E para quem quer
se distrair, é um bom entretenimento.
Dustin Hoffman, 75 anos,
em sua primeira investida como diretor de cinema, acertou em cheio com “O
Quarteto”.
Como bom ator que ele é,
deixou que seus convidados fizessem o que sabem. E ele os acompanhou com a
câmara que mostra que, se não são mais jovens, são ainda pessoas que valorizam a
vida, apesar dos males que os afligem.
Tudo se passa em Beecham
House, onde artistas são acolhidos numa bela mansão, cercada de um parque
magnífico. E seus hóspedes foram (como extras no filme e na vida real no
passado), cantores de ópera, de “vaudeville”, musicistas de todos os
instrumentos, agora aposentados e, como quase todo artista, sem
dinheiro.
Mesmo assim, são muito
bem tratados pelo pessoal da jovem médica (Sheridan Smith) que administra a casa
de repouso.
Dustin Hoffman vai
apresentando os personagens sem pressa, passeando pelas salas da velha mansão,
decorada com móveis antigos e cores brilhantes nas paredes, como os ingleses
gostam e sabem fazer como ninguém.
Mas, parece que algo vai
mal porque todos se entreolham quando o excêntrico Cedric (Michael Gambon) diz
que, se não ensaiarem direito, o gala beneficente será um fracasso e a casa de
repouso não terá outra saída senão fechar as suas portas.
Veremos que os empecilhos
não são apenas de disciplina nos ensaios, porque fica claro que as vozes nem
sempre conseguem alcançar a nota da partitura, alguém se esquece do que tinha de
dizer, outro ainda não pode ficar porque passa mal e ruma para o hospital, para
consternação geral.
A idade não ajuda os
intérpretes que fizeram sucesso no passado e agora se reúnem para ouvir suas
antigas gravações, relembrando a glória.
E quando chega a grande
diva, interpretada por Maggie Smith, esplêndida em seus trajes elegantes, luvas
e bengala encastoada em prata, há um rebuliço geral.
O ex-marido Reggie (Tom
Courtenay), seu amigo conquistador Wilfred (Billy Connolly) e a companheira de
turnês artísticas Cissy (Pauline Collins), a reverenciam e Jean recebe os
aplausos dos outros hóspedes, quando chega na mansão, com graça. Mas está
insegura e, sem ela, o quarteto do “Rigoletto” não poderá ser o “grand finale”
do espetáculo de arrecadação de fundos.
A peça de teatro de
Ronald Harwood deu origem a um bom roteiro escrito pelo autor e os diálogos são
entremeados por músicas que todos conhecem.
O número final do
quarteto emociona e nos faz lembrar que a velhice não precisa necessariamente
ser um tempo de apenas recordações do passado.
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