Direção: Luciano
Moura
O rosto expressivo de Wagner Moura, transtornado, em lágrimas, cambaleando no meio de uma estrada. De repente um baque. Atropelado?
Esse começo, com a cena
que se repete no meio do filme, nos faz conhecer o estado em que se encontra o
personagem Theo, médico, pai de Pedro (Brás Antunes), quase 15 anos e ex-marido
de Branca (Mariana Lima).
Ele não se conforma com a
separação. Está tão deprimido com a situação de seu casamento, que a raiva
explode nele por quase tudo. Seu mundo desabou. Não presta atenção em nada. Só
pensa em convencer Branca a voltar com ele.
Pior. Desconta o que lhe
vai na alma em cima do filho, Pedro, que faz aniversário em breve e ganha uma
cadeira do avô. Por que Theo não quer que o filho aceite o presente do pai
dele?
Havia entrado na casa da
família com a chave que ainda guardava, sem ter direito a ela, e reclamara com
Branca, com um jeito bravo, que Pedro não tinha ido na reunião de intercâmbio
para a Nova Zelândia.
Notamos por esse diálogo
que Theo quer escolher à força um caminho para o filho.
Logo ficará patente que
conversa do garoto com os pais não existe. E ele some no mundo sem deixar
pistas.
É a história dessa busca
que o filme do estreante em longas, Luciano Moura, vai contar. O roteiro escrito
em parceria com sua mulher, Elena Soarez, descreve a viagem de um pai à procura
do filho, por estradas de terra que o menino trilhou em um cavalo negro, que
adotara na Zoonose.
Por que Pedro fugiu num
cavalo? Ninguém sabe dizer até que a mãe, vasculhando desesperada o quarto do
filho, encontra desenhos que fornecem indícios para que o pai possa
procurá-lo.
À medida que essa busca
se desenrola, Theo vai encontrando personagens e lugares que mostram sinais
rarefeitos de Pedro. Isso vai levá-lo a também procurar dentro de si as memórias
do filho perdido e Theo revigora assim, o laço que parece que tinha ficado
esquecido dentro dele.
A viagem de carro pelas
estradas pouco trafegadas entre São Paulo e Espírito Santo, é acompanhada por
uma imersão de Theo em seu interior e, buscando o filho, ele vai reencontrar a
si mesmo. Aliás, esse é sempre o destino das buscas que envolvem
afetos.
O maravilhoso ator Lima
Duarte, em uma ponta, mostra o seu talento e esclarece o enigma da fuga do
garoto.
A vida tem desses
desencontros e reencontros e “A Busca” mergulha nesse tema, envolvendo o
espectador com emoção, paisagens pouco vistas, bela fotografia e música de
Arnaldo Antunes, pai do adolescente que faz Pedro.
Como disse o próprio
Wagner Moura, um dos nossos melhores atores, “A Busca” é “um filme brasileiro
argentino”. E claro que isso é um elogio.
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