Direção:Nicholas
Jarecki
Ganância e narcisismo
são uma combinação perigosa. Pessoas que possuem essa característica em sua
personalidade, geralmente dão um passo maior do que a perna na vida. São
onipotentes, não conhecem limites e por isso não avaliam bem a reação das outras
pessoas e até mesmo as consequências de suas ações.
No filme “A Negociação”,
dirigido e roteirizado pelo estreante Nicholas Jarecki, 33 anos, o bonitão
Richard Gere, excelente no papel, incarna o poderoso do mundo das finanças,
Robert Miller, com um andar duro, olhos frios e cabeleira branca
impecável.
Quando chega em casa, a
família o espera com expectativa. Ele é muito ocupado, tem pouco tempo para tudo
que não seja ganhar dinheiro mas, naquele dia, ele assopra o bolo de 60 velinhas
com a ajuda dos netos. Todos lindos, bem vestidos, elegantes com uma
simplicidade cara e encantados com o pai, marido e avô.
A filha (Brit Marling)
pergunta depois do jantar:
“- Mas por que você quer
vender a empresa, pai? Temos bons lucros...”
“- Para poder ter mais
tempo para vocês”, responde ele com cara de santo.
“- Mas para fazer o
quê?” retruca a filha inteligente e que conhece bem o pai, já que trabalha com
ele.
No quarto, com a mulher
Ellen (a oscarizada e ótima Susan Sarandon), bem tratada, alegre mas carente
como toda aquela família, ele recebe um convite:
“- Vamos partir por um
ano? Uma aventura! Só nós dois? A casa de Ravello... Não usamos
nunca...”
Mas ele já está de saída
para o escritório. Claro.
E a amante francesa não
poderia faltar. Julie (Laeticia Casta) muito mais nova que ele, ganhou uma
galeria de arte mas também reclama do pouco tempo juntos:
“- Você nunca vai largar
dela, não é mesmo?”
Com o cenário escolhido
a dedo, um apartamento em New York com vista para o Central Park, uma família
encantadora, uma empresa que aparentemente vai bem, uma bela e jovem amante, por
que ele continua se estressando?
Porque ele quer mais,
muito mais, sempre.
E quando começam a falar
em gerência fraudulenta, parece que vem encrenca por aí. E tudo que pode
acontecer, acontece. Inclusive um detetive incansável atrás dele (o sempre
convincente Tim Roth).
O filme “A Negociação”
distrai pela história que tem reviravoltas e agrada pelo elenco que Jarecki
conseguiu reunir e sabe dirigir, dando ritmo ao enredo.
Não se trata de um filme
inesquecível? Mas também não é um “blockbuster” sem cérebro. Vale o preço do
ingresso.
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