quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Azul Profundo


“Azul Profundo”- “Apnoia” Grécia, 2010
Direção: Aris Bafalouka



A Grécia foi o berço da civilização ocidental e teve seu apogeu no século V AC. A filosofia, a matemática, a poesia, o teatro e as artes em geral floresceram em solo grego.
Hoje, o país passa por uma crise financeira asfixiante. O que foi que aconteceu no meio do caminho? Os gregos, tão bons pensadores, navegadores e pescadores, perderam o rumo?
No filme grego “Apnoia” que quer dizer apneia, sem ar, as cores e os tons escuros escolhidos pelo diretor Aris Bafalouka, um ex-campeão de natação, lembra o tempo todo essa decepção, essa falta de ar de que sofrem os gregos nos tempos que correm.
Dimitri (Sotiris Patras), que é o nadador que treina sem parar naquela piscina, tem em casa um pai que não consegue pagar as suas dívidas:
“-Não conte nada para a sua mãe. Ela nunca quis que pegássemos um empréstimo no Banco...”
O rapaz tem um patrocinador que paga pouco e por isso mal dá para ajudar em casa mas se prepara para uma competição.
“- Nadar é a única coisa que eu sei fazer bem.”
Dimitri é um jovem tímido, que não parece se dar bem com os outros, fechado. É na piscina e, principalmente no fundo dela, onde consegue ficar sem respirar por mais de cinco minutos, como os golfinhos, que é o mundo autista onde ele melhor vive.
A namorada Elsa (Youlikas Skafida), que é militante ambiental, pesquisa com um grupo, o que acontece com os golfinhos, que são mortos por envenenamento pelos detritos tóxicos jogados no mar.
Elsa, extrovertida, tenta estimular Dimitri a soltar-se mais mas ele não responde bem a isso. Eles se conheceram na piscina, onde Dimitri dava aulas a Elsa para aumentar sua capacidade respiratória e sua técnica de natação, para melhorar sua atuação nas expedições de pesquisa ambientalista.
Por ironia do destino, ela se intoxica durante essas buscas por detritos tóxicos.
E, desaparece numa missão do grupo em uma praia longínqua. O filme vai e vem entre a piscina e a busca por Elsa, na qual Dimitri participa.
“Apnoia” que foi traduzido por “Azul Profundo”, tem suas mais belas cenas no sonho recorrente de Dimitri, que se vê flutuando como um corpo sem vida, na transparência azul escuro do fundo do mar.
Que ninguém espere por águas azul turquesa e o sol salgado das ilhas gregas em seu eterno esplendor em “Azul Profundo”. Esse é um filme sóbrio, de uma beleza sombria, triste, que combina com os tempos atuais da Grécia. Se bem que, no final, uma luz aponta para uma esperança de sair desse sufoco.

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