Direção: Aris
Bafalouka
A Grécia foi o berço da
civilização ocidental e teve seu apogeu no século V AC. A filosofia, a
matemática, a poesia, o teatro e as artes em geral floresceram em solo
grego.
Hoje, o país passa por
uma crise financeira asfixiante. O que foi que aconteceu no meio do caminho? Os
gregos, tão bons pensadores, navegadores e pescadores, perderam o
rumo?
No filme grego “Apnoia”
que quer dizer apneia, sem ar, as cores e os tons escuros escolhidos pelo
diretor Aris Bafalouka, um ex-campeão de natação, lembra o tempo todo essa
decepção, essa falta de ar de que sofrem os gregos nos tempos que
correm.
Dimitri (Sotiris Patras),
que é o nadador que treina sem parar naquela piscina, tem em casa um pai que não
consegue pagar as suas dívidas:
“-Não conte nada para a
sua mãe. Ela nunca quis que pegássemos um empréstimo no
Banco...”
O rapaz tem um
patrocinador que paga pouco e por isso mal dá para ajudar em casa mas se prepara
para uma competição.
“- Nadar é a única coisa
que eu sei fazer bem.”
Dimitri é um jovem
tímido, que não parece se dar bem com os outros, fechado. É na piscina e,
principalmente no fundo dela, onde consegue ficar sem respirar por mais de cinco
minutos, como os golfinhos, que é o mundo autista onde ele melhor vive.
A namorada Elsa (Youlikas
Skafida), que é militante ambiental, pesquisa com um grupo, o que acontece com
os golfinhos, que são mortos por envenenamento pelos detritos tóxicos jogados no
mar.
Elsa, extrovertida, tenta
estimular Dimitri a soltar-se mais mas ele não responde bem a isso. Eles se
conheceram na piscina, onde Dimitri dava aulas a Elsa para aumentar sua
capacidade respiratória e sua técnica de natação, para melhorar sua atuação nas
expedições de pesquisa ambientalista.
Por ironia do destino,
ela se intoxica durante essas buscas por detritos tóxicos.
E, desaparece numa missão
do grupo em uma praia longínqua. O filme vai e vem entre a piscina e a busca por
Elsa, na qual Dimitri participa.
“Apnoia” que foi
traduzido por “Azul Profundo”, tem suas mais belas cenas no sonho recorrente de
Dimitri, que se vê flutuando como um corpo sem vida, na transparência azul
escuro do fundo do mar.
Que ninguém espere por
águas azul turquesa e o sol salgado das ilhas gregas em seu eterno esplendor em
“Azul Profundo”. Esse é um filme sóbrio, de uma beleza sombria, triste, que
combina com os tempos atuais da Grécia. Se bem que, no final, uma luz aponta
para uma esperança de sair desse sufoco.
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