Direção: Juan Antonio
Bayona
Tudo convidava à
felicidade das férias, em um dos lugares mais bonitos do planeta, a ilha de
Pukhet na Tailândia.
A família Bennet, depois
de um voo vindo do Japão, onde moravam, chega ao paraíso, um resort na Orchid
Beach. Águas turquesa, areia branca e um
sol luminoso
acolhem a mãe Maria
(Naomi Watts), o pai Henry (Ewan McGregor) e seus três filhos, Lucas de 12 anos
(Tom Holland), Thomas de 7 (Samuel Joslin) e Simon de 5 (Oaklee
Pendergast).
Tinham vindo passar os
feriados do Natal.
Por ironia do destino, a
suíte do 4º andar que os teria salvado do pior, foi substituída, na última hora,
por uma suíte à beira-mar, de onde se viam palmeiras e um mar
azul.
Estavam todos animados
com o “up grade” e o Natal foi feliz. Não sabiam o que os
esperava...
Ficamos com o coração
apertado pois sabemos o que vai acontecer. E quando vem, sem aviso, surge a
impotência do ser humano frente à força implacável da natureza. Não dá para
esboçar um gesto. Só se encolher como Maria faz.
A força de vida do ser
humano que o faz sobreviver, apesar das adversidades, é espantosa. Belíssima a
cena em que Maria, atingida pelos detritos de toda sorte, quando é tragada pela
onda do tsunami, desfalece, seu corpo flutua e, em câmara lentíssima vemos seu
braço que rasga a água e faz acontecer o encontro com o ar abençoado, seu corpo
vencendo a morte e tragando a vida, numa respiração
vitalizante,
Todo mundo viu fotos,
filmes na TV, ouviu depoimentos dos sobreviventes mas nada como o cinema para
nos
colocar em lugares onde
nunca estivemos e sentirmos
o que os outros
sentiram. Quando o roteiro, a atuação, os efeitos especiais são de primeira
linha, como em “O Impossível”, passamos todos pelo horror que foi o tsunami de
2004, que matou milhares de pessoas, um dia depois do Natal.
Vestimos a pele daqueles
que passaram pelo terror e morreram (cerca de 300.000) e sofremos com os
sobreviventes, separados de suas famílias e vagando desesperados entre os
destroços do paraíso.
Naomi Watts está de
arrepiar como a médica despreocupada, em férias, que se transforma na mãe
sofrida e tão mais próxima do filho mais velho, que a ajuda a vencer com coragem
a batalha pela sobrevivência. Foi indicada para melhor atriz em todos os prêmios
que já foram anunciados. O jovem Tom Holland também está perfeito no papel.
O impossível aconteceu.
E Maria Belón, espanhola, escreveu um livro contando essa história de pesadelo
que passou na Tailândia com sua família e que foi adaptada para o
cinema.
“O Impossível” não é um
filme em que o desastre é o ator principal. Aqui, a câmara foca em planos
abertos a primeira e a segunda onda e os destroços em que se transformou aquele
pedaço de paraíso. Mas não é o principal. O diretor Bayona prioriza os rostos
feridos, as pernas trôpegas, os olhares cansados , o trauma vivido naquela
manhã.
Mostra o ser humano em
uma situação de exceção. Vemos gestos egoístas e solidariedade, a emoção do
reencontro e as lágrimas da perda dos seres queridos.
“O Impossível” é um belo
e terrível filme sobre o imprevisível.
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