Direção: Richard
Linklater
O amor nunca vem para
ficar, ao contrário do que se quer acreditar.
Para um casal ficar junto
é preciso trabalhar, lutar, ceder, ter paciência, ser criativo e escolher amar
novamente aquela pessoa, muitas e muitas vezes.
Vemos isso claramente na
trilogia sobre o amor que agora se fecha com o filme “Antes da Meia Noite”, que
tem seu roteiro escrito pelos próprios atores, Julie Delpy, 43 e Ethan Hawke, 42
e o diretor Linklater, 52 anos.
No primeiro filme, “Antes
do Amanhecer” (1995), a francesa Céline e o americano Jesse, ambos com 20 anos,
se conhecem quando viajam num trem pela Europa. Conversam, conversam pelas ruas
de Viena, apaixonam-se mas, no fim, cada um volta para a própria
vida.
No segundo, “Antes do Por
do Sol” (2004), há um reencontro em Paris, onde ele lança seu livro, que conta a
aventura em Viena. Conversam sobre o que aconteceu naquele meio tempo com os
dois e se separam de novo.
No terceiro, o atual,
Céline e Jesse finalmente casados, estão na Grécia, de férias com o filho dele
do primeiro casamento e as gêmeas, filhas do casal. Os dois estão na faixa dos
40 e as conversas amadureceram.
O filme começa com Jesse
levando o filho de13 anos ao aeroporto porque ele tem que voltar para os Estados
Unidos onde mora com a mãe.
Essa separação deixa o
pai frustrado e Céline vai transformar isso num conflito interno, sentindo-se
culpada por privar Jesse da companhia do filho. Mas quando o marido a convida
para morar em Chicago, para todos estarem juntos, ela se revolta porque não quer
perder sua vida em Paris.
“- Você acendeu a bomba
que vai destruir nossa vida. Estamos em contagem regressiva”, diz
ela.
Após 18 anos do primeiro
encontro, o amor entre eles é dificultado por quase nadas e decisões
importantes.
Céline, conversando na
cozinha, enquanto ajuda a preparar o almoço entre amigos, conta às mulheres que
pensou que a Grécia, milenar e berço das grandes tragédias, poderia ser o
cenário de algo terrível na vida dela. Há um clima de suspense se
criando.
O casal fala sem parar
durante todo o filme. Mas as conversas mais amenas ao ar livre, sob o sol da
Grécia, entre as oliveiras e velhas pedras, vão se tornar duras, claustrofóbicas
e depressivas quando o casal vai para o quarto de um hotel, onde deveriam se
amar. A briga começa na cama.
Um dos temas que aparece
é a culpa pelas decisões que eles não tomaram no passado. Claro. Vidas paralelas
são muito atraentes porque não foram vividas e podem ser objeto de idealizações
românticas.
Já a vida real pede
criatividade e paciência para que o amor permaneça vivo. Vale a
pena?
É quando mais brigam que
Céline e Jesse fazem transparecer o elo sólido que os une. Mas até
quando?
Outros casais certamente
vão sair do cinema conversando muito sobre o que viram e ouviram. O filme é
envolvente e nós nos identificamos com os personagens que tem uma boa química e
coragem para enfrentar o que muitos de nós evita, achando que assim protege a
relação. Será?
Então que venha "Antes da Madrugada" em 2022.
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