“Ponto
Final”- “Match Point”, Reino Unido, Estados Unidos, 2005
Direção:
Woody Allen
Ao som da
bela voz do tenor mais conhecido no mundo da ópera, Enrico Caruso (1875-1931),
passam os créditos iniciais, sempre em fundo preto com os nomes em
branco, como em todos os filmes de Woody Allen.
Logo
reconhecemos a ária, “Una Furtiva Lacrima” da ópera “Elixir de Amor”. Sinal que
“a poção do amor” vai circular por entre os “happy few”, a elite londrina e os
que gravitam em torno.
Parece.
Porque num clube frequentado pela alta classe inglesa, um ex tenista
profissional, agora professor de tênis para os que pagam bem, é entrevistado e
contratado. Boa pinta, já jogou com os melhores profissionais mas cansou-se das
viagens e deu aulas em clubes chics como Nice, Marbella e Sardenha. Pelo menos
é o que ele conta.
Jonathan
Rys-Meyers, o ator irlandês, é Chris Wilton. Ouvimos ele contar em “off” no
início do filme qual é a sua filosofia de vida:
“Um homem
que diz preferir ter sorte do que ser bom, está certo. Entendeu a vida. As
pessoas tem medo de pensar que a sorte determina muita coisa na vida. Não
podemos controlar tudo que acontece. Por exemplo, num “match point” do jogo de
tênis. É o momento final. Se a bola bate no topo da rede, com sorte, pode cair
para o lado do adversário e você ganha o jogo. Ou não, se cair, por falta de
sorte, do seu lado.”
Chris parece
que tem uma ideia na cabeça que vai por em prática. Está lendo o livro de
Dostoievski, “Crime e Castigo”.
Quando é
apresentado a Tom Hewett (Mattew Goode), filho de uma família rica,
conquista sua simpatia e é convidado para a ópera daquela noite. Ele aceita
encantado e vai conhecer a irmã de Tom, Chloe ( Emily Mortimer). Foi dado o
passo inicial para se casar com ela, e com isso frequentar o que há de melhor
em Londres, usufruir dos fins de semana na magnífica propriedade dos Hewett e
cair nas graças do pai e da mãe de Chloe, que já o veem como um filho. Querem
um neto.
Tudo vai
indo muito bem até que Chris conhece uma americana linda e sexy e noiva de Tom,
seu futuro cunhado.
Chris, que
acredita na sorte e é muito narcisista, não hesita em transar com Nola (Scarlet
Johansson) na primeira oportunidade. No meio das gramas altas de um campo na
chuva. Muito romântico e impulsivo.
Se ficasse
só nisso tudo bem. Mas o noivado é desfeito e Chris encontra Nola na New Tate,
uma famosa galeria de arte contemporânea. Sai com o número de telefone no bolso
e dá início a um jogo perigoso. Os dois vivem um romance tórrido. Mas logo
começam as cobranças da candidata a atriz sem talento.
“Talento e
sorte determinam o destino de um homem”, escreveu Freud em um de seus livros.
Parece que, no caso de Chris, devido à sorte que tem na vida e sua
personalidade narcísica, esqueceu do talento. A sorte irá sorrir sempre para
ele?
Woody Allen
escreveu o roteiro original de “Match Point” com grande inspiração. Não foi
premiado com o Oscar mas foi indicado.
“Ponto
Final - Match Point” é um filme inteligente, com atores excelentes e roteirista
e diretor genial.
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