Direção: Jean-Jacques Annaud
Ele era obcecado por alpinismo. Atleta, gostava de vencer. E
o desafio agora era subir ao ponto mais alto dos Himalaias, o pico Nanga
Parbat, na Índia.
Estamos em Vienna, 1939 e a guerra se aproxima. Mas o
austríaco Heinrich Harrer (Brad Pitt) só se interessa por seus planos. Sua
mulher espera o primeiro filho deles e sua hora já está próxima mas Heinrich
vai partir mesmo assim. Com a bandeira nazista na mão promete distraidamente
aos repórteres que irá coloca-la no alto do pico, antes de entrar no trem que o
levará mais perto de seu destino.
Ele e seu guia, Peter Aufschnaiter (David Thewlis), começam
a subida. O espetáculo das imagens na tela é belíssimo. Mas não são os
Himalaias, são os Andes o lugar escolhido para a filmagem, por ser mais
acessível ainda hoje.
Os alpinistas passam por vários apertos e o tempo fecha,
fazendo com que tenham de esperar no acampamento. Quando tudo estava propício
para a subida final, uma avalanche destrói os planos de conquista do Nanga
Parbat.
Quando descem são presos pelos ingleses porque a guerra
começara e o território onde estavam era protetorado inglês, inimigo da
Alemanha e da Áustria. Os dois ficam no campo de prisioneiros e depois de
várias tentativas de fuga, são bem sucedidos.
Na segunda parte do filme é que vamos conhecer o Tibete, um
dos países mais isolados do mundo naquela época, onde vivia um povo pacífico,
inimigo da guerra e de estrangeiros. Sua cultura milenar, totalmente diferente
da ocidental, tem no Dalai Lama seu líder máximo.
O encontro de Heinrich com o Dalai Lama, um menino de 11
anos, é o ponto alto do filme que foi adaptado da biografia do austríaco.
Adorado como a reencarnação do primeiro líder tibetano, o menino se encanta com
os cabelos amarelos do austríaco e faz dele seu tutor. Todo o tipo de pergunta
sobre o ocidente preenche os encontros dos dois.
Algo de paternal também existe nessa relação. Afinal,
Heinrich volta a pensar em seu filho e escreve cartas para ele. Mas, para sua
tristeza, quando sente que cultivou um vínculo de amor com a criança, ele lhe
escreve negando-o como pai e pedindo para não lhe escrever mais.
Heinrich cai numa depressão profunda que o faz rever seus
valores e há uma aproximação maior com o menino sagrado.
O filme de Jean-Jacques Annaud tem uma produção de arte
esmerada e os trajes, a decoração dos ambientes e a arquitetura do palácio em
Lhassa, a cidade sagrada, são interessantes.
Brad Pitt com seu charme natural e lourice admirada, faz bem
o papel do homem egoísta e frio que, aos poucos, vai temperando seus humores,
perante as dificuldades da viagem, tornando-se mais solto e generoso durante
sua estadia entre os amistosos tibetanos.
Infelizmente, nos anos 50 o Tibete é invadido pela China
comunista e tem grande parte de seus tesouros artísticos destruídos e seu povo
massacrado.
Aos 21anos, o Dalai Lama tem que abandonar o Tibete e hoje
corre o mundo encantando plateias com suas sábias palavras em palestras bem
frequentadas.
O filme poderia ter se aprofundado mais sobre os usos e
costumes do Tibete mas o que foi privilegiado foi a relação entre Kundum, o
menino sagrado e o austríaco que passou a encarar mais o seu mundo interno e
menos as glórias mundanas.
Até hoje os dois são amigos.
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