“Mademoiselle Vingança” - “Mademoiselle de Jonquières”,
França, 2018
Direção: Emmanuel Mouret
Cenários belíssimos na França do século XVIII, um palácio,
onde mora a ainda jovem e bela Madame de la Pommeraye (Cécile de France),
cercado por um bosque de grandes árvores e um lago. Tudo bonito demais, tão bem
cuidado que parece cenário pintado, quadro de época.
A bela dama combina com esse cenário perfeito. E logo a
vemos, vestida de seda branca, passeando pelo bosque de braços dados com o
Marquês des Arcis (Edouard Bauer), seu amigo, que é um rico libertino. Sua vida
se passa mudando de amores com frequência. Isso diverte Madame que enumera a
longa lista de mulheres que foram suas amantes.
Continuando a conversa, ela se vangloria de nunca ter amado
e de não acreditar no amor:
“- Só acredito na amizade. O amor, combinado com o desejo,
cresce fácil e magoa facilmente. ”
E o Marquês responde que presenciou um amor verdadeiro nos
tios que o criaram:
“- E como pode amar e abandonar as mulheres como você faz? “
“- Porque em cada uma delas eu vejo, nem que por um momento,
esse amor ideal que eu ainda procuro. “
Ela ri, vestida de azul e laços e diz que não acredita
quando ele confessa que tem esperança de ver o amor crescer entre eles.
E o Marquês vai ficando como hóspede de Madame e os meses
passam e ele continua fazendo a corte a ela. Até percebermos que ela está
diferente. Apaixonada.
“- Ele mudou! Não é mais o mesmo homem ”, conta à amiga
incrédula.
Vestida de seda turquesa, rendas brancas e bordados
delicados, ela mesma dá a entender, no dia do aniversário dele, que ela se
entrega a ele.
E conta à amiga, enquanto faz lindos arranjos de flores nos
vasos de cristal do salão, que está feliz e que todos em Paris devem estar com
inveja dela, vestida num belo tom de carmesim e plumas no cabelo.
Mas o tempo passa e aquela paixão também muda.
E a vemos chorar no ombro da amiga. Mas não tem certeza de
que tudo acabou. E quando o vê à noite, ela mesma finge estar desiludida porque
seus sentimentos mudaram. Já não é a mesma coisa de antes.
Ele, sem entender que é uma armadilha que ela montou para
conhecer os sentimentos dele, concorda.
E vemos Madame empalidecer. Seu orgulho, seu narcisismo, não
permitem que isso aconteça. Vai haver uma vingança.
E, para tal, ela vai usar uma nobre decaída e sua filha,
Mademoiselle de Jonquières (Alice Isaaz), uma bela e tímida mocinha.
A história do filme foi adaptada pelo diretor Emmanuel
Mouret, que escreveu o roteiro, do romance de Denis Diderot de 1784, “Jacques
le Fataliste et son maitre”.
O filme é leve e tem uma moral: para curar uma ferida
narcísica basta pensar que conseguiu pagar na mesma moeda. Assim pensa quem
pensa só em si mesmo. Pura ironia.
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