“Dumbo” - Idem, Estados Unidos, 2019
Direção: Tim Burton
Quem não conhece a figura do elefantinho de orelhas enormes
que são como asas? Baseado no livro “Dumbo”, da escritora Helen Aberson e do
ilustrador Harold Pear, o personagem tornou-se mais popular depois da animação
de 1941, dos estúdios Disney.
O elefantinho diferente e tristonho, porque sua mãe foi
banida do circo por ser considerada violenta, era chamado de “monstrinho” e
considerado ridículo por suas orelhas imensas. O próprio nome que deram a ele,
Dumbo, vem de “dumb” que quer dizer estúpido em inglês.
Pois todos verão ele se transformar na atração principal do
circo dos Irmãos Medici, na verdade apenas um, interpretado com graça por Danny
de Vito.
A história da primeira animação acontece em 1941 e foi
trazida para 1919, ano em que a Primeira Guerra termina, nesse filme que tem
animação e atores reais.
O diretor Tim Burton, de “Edward, Mãos de Tesoura”, trata o
elefantinho com seu talento natural para proteger os mais fracos e perseguidos
porque não são como a maioria. Atual, o tema do diferente ganha cores e
defensores. E estes não são mais os próprios animais, como na animação original
mas humanos. As crianças, filhas do capitão Ferrier (Colin Farrell), amam o
elefantinho desde seu nascimento e o protegem. Principalmente Milly, a menina
adolescente que quer ser cientista e não artista de circo. Ela e o irmão Joe
estão identificados com Dumbo porque eles também não tem mãe, que morreu na
epidemia de gripe. E o pai deles, que perdera um braço durante a guerra não
pode mais montar, já que os cavalos do circo foram vendidos. Épocas difíceis
para o circo que agora está em decadência.
E as crianças é que descobrem o talento de Dumbo para voar e
o incentivam com entusiasmo.
O tema da superação é vivido tanto pelo filhote de elefante
que tem medo mas enfrenta o voo de que é capaz, como na figura do pai das
crianças, um cowboy do circo que pensa que não pode mais montar e se surpreende
com seus poderes recuperados.
Mas o sonho impossível de Dumbo é reencontrar sua mãe. Ela
vai reaparecer na história quando o circo é vendido para um empresário que
constrói “Dreamland”, um grande parque parecido com a Disneyworld. Na “Ilha do
Pesadelo” está a mãe de Dumbo, onde animais selvagens são expostos em jaulas e
acorrentados.
Há aqui uma ironia sobre os parques do próprio estúdio que
financiou o filme e à exploração dos animais que não tem quem os defenda e,
como tema, englobando os seres humanos que estão sob a mesma condição.
O mega empresário Vandevere (o ótimo Michael Keaton) é a
personificação daquele que só pensa no próprio lucro e não hesita em pisar em
quem estiver dificultando o seu caminho.
O fato é que o talento de Dumbo para voar não significa que
ele tenha algum prazer em se apresentar no circo. Quando Colette (a sempre
fascinante Eva Green) monta em Dumbo não é mais para divertir a plateia. Ela
também entendeu o sonho de liberdade de Dumbo e vai ajudá-lo com todo o elenco
do circo. O lugar dele não é ali, como mostra a bela cena final.
“Dumbo” é um filme que tem a magia do diretor Tim Burton de
quem o público estava com saudades.
E quem resiste aos olhos úmidos de Dumbo? Um grande acerto
dos estúdios Disney.
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