Direção:
Filip Renc
Aquela
velha senhora que aceita dar entrevista a uma jornalista, aos 86 anos, ainda
guarda gestos de Lida Baarová, que foi uma das mais famosas estrelas de cinema
na antiga Tchecoslováquia, onde nasceu em 1914.
Inicia-se
assim um longo “flashback” que mostra como comçou sua carreira, aos 17 anos,
incentivada por sua mãe. Ela, que já fora atriz sem sucesso, acompanha a filha
nas gravações e fica radiante quando as duas vão para Berlim em 1934 a convite
dos estúdios UFA, o mais importante da época, bancado pelo governo de Hitler, o
Fuhrer nazista, a quem todos deviam obediência.
A mocinha
teve que trabalhar seu alemão com sotaque para ser convidada para o papel
principal em “Barcarole” onde contracenaria com o galã alemão, seu ídolo,
Gustav Frohilich (Gedeon Burkhard).
E claro, os
dois vão viver um romance, apesar de Gustav ser casado. Lida muda-se para a
casa dele e torna-se vizinha do Ministro da Propaganda Nazista, Joseph
Goebbels.
E Lida
Baarová vai ser a amante, por dois anos, daquele que mandava no cinema da
Alemanha, inclusive.
O
narcisismo exaltado parece ser o traço de personalidade que os une, além da
atração pelo poder. Não há em nenhum dos dois uma avaliação das consequências
de seus atos. Pensam apenas na própria satisfação de seus desejos.
Lida, totalmente
alienada do que acontecia na Alemanha, ou talvez não querendo ver nada além de
sua imagem no espelho, fechada em sua redoma de egoísmo, se envolve com o homem
que a humanidade vai chamar de monstro.
Goebbels,
pequeno e manco, era considerado um perigo para as mulheres. Possuia todas que
queria. Seu poder era imenso. Era o ideólogo do nazismo.
Será o
ponto final nas ambições de Lida, que é barrada em suas intenções envolvendo
Goebbels pelo próprio Hitler.
Começa a
derrocada de Lida Baarová, proibida de filmar na Alemanha. Ela ainda faz alguns
filmes na Itália e Espanha, mas seus sonhos de grandeza não tinham mais a menor
chance de acontecer.
O filme é
bem cuidado e o elenco funciona bem. Mas seu principal mérito é alertar para o
fato de que uma vida é consequência das escolhas que fazemos e da maneira que
as vivemos.
Lida
Baarová, que tinha sido convidada para trabalhar em Hollywood e recusara por
seu amor a Goebbels, diria no fim de sua vida, com sua habitual presunção:
“- Eu
poderia ter sido maior que Marlene Dietrich...”
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