“A Festa”-
“The Party”, Reino Unido, 2017
Direção:
Sally Potter
Um tango e
um susto. Uma mulher descabelada, alteradíssima, abre a porta e aponta uma arma
para a câmera. Mas o que é isso? Por que nos olha enfurecida?
E, na
sequência, quase nos esquecemos dessa abertura tragicômica. Porque uma raposa
está no pátio de um apartamento e olha para dentro da sala, onde Bill (Timothy
Spall) com os olhos no vazio, bebe algo e ouve música. Será uma alucinação?
Bem, estamos na Inglaterra e lá existe caça à raposa. Parece um mau sinal...
Na cozinha,
a mulher de Bill, Janet (Kristin Scott Thomas) prepara o jantar, feliz.
O telefone
não para de tocar e ela atende agradecendo os elogios. Há uma comemoração.
Janet foi nomeada Ministra da Saúde e está recebendo os parabéns dos amigos.
Mas há
alguém que liga várias vezes e que ela atende aos sussurros e rindo. Muito
sexy. Um caso de amor secreto?
Chegam os
convidados, April (Patricia Clarkson) a melhor amiga e Gottfried (Bruno Ganz),
azedos um com o outro e logo Tom (Cillian Murphy), que trabalha no mercado
financeiro, sem a mulher Marianne, que virá para o café. Ela é assistente de
Janet e todos concordam que ela é muito bonita e jovem.
Quando Tom
corre para o banheiro, antes mesmo de cumprimentar Janet, percebemos seu
nervosismo. E para nosso espanto, cheira cocaína na borda da banheira, sua
muito e vemos que ele tem uma arma. Que estranho...
Outras duas
convidadas, uma mais moça Jinny (Emily Mortimer) e a professora mais velha
Martha (Cherry Jones) saem no pátio para discutir e parece que tem a ver com a
gravidez de trigêmeos da mais nova.
Filmado em
preto e branco, “A Festa” convida a plateia a prestar atenção nos diálogos e
notar como pessoas aparentemente tranquilas perdem a cabeça quando ficam
sabendo de certos segredos.
Sally
Potter, a diretora de cinema inglesa, escreveu o roteiro com muito humor negro
e ridicularizando os personagens, todos se achando inteligentes e civilizados,
mas incapazes de lidar com situações nem tão inusitadas assim.
Contar mais
é estragar a graça do filme que é uma sucessão de viradas numa montanha russa
de acontecimentos inesperados.
Um filme bem
inglês, com tiradas engraçadas e quase sempre cínicas. Patricia Clarkson, como
a melhor amiga da dona da casa, rouba muitas cenas com suas falas ferinas
disparadas a torto e à direito.
E, com outro
tango, a cortina se fecha sobre a cena do início, que agora faz mais sentido.
Gostei
muito.
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