Direção: Thomas Vinterberg
Um professor de arquitetura (Ulrich Thomsen),
Erik, herda do pai um casarão perto do mar, em Copenhague. Ele pensa em vender o
imóvel, dado o alto custo de manutenção. Mas sua filha adolescente Freja (Martha
Sofie Wallstrom Hansen) adorou a casa e sua mulher, a apresentadora de
televisão, Anna (Trine Dyrholm, fantástica), convence o marido a convidar
pessoas interessantes para viver com eles em comunidade e assim dividir as
despesas.
Ela não esconde uma certa monotonia na vida do
casal e pensa que o convívio com novas ideias iria oxigenar o ambiente
familiar.
Dito e feito. E os convidados começam a chegar.
Cada um tem um motivo para querer mudar para a casa aprazível.
Estamos nos anos 70 e há uma atmosfera “hippie”
no ar, “faça o amor não a guerra” e um gosto por roupas diferentes das
tradicionais. Todo mundo quer ser jovem e feliz.
No começo, a convivência na comunidade é alegre
e festiva. Canta-se muito, há banhos em pelo no mar gelado, muita bebida, comida
e cigarros.
O primeiro sinal de que algo não vai bem ou que
a vida é cheia de surpresas mesmo, atinge o habitante mais jovem da casa, um
menino de 6 anos, que tem um problema cardíaco e desfalece em plena noite de
Natal.
Todos sabiam dessa doença da criança mas, o
próprio pai brincava dizendo que ele contava essa coisa de que não ia viver
muito para atrair e interessar as meninas.
Havia algo de errado naquelas pessoas da
comunidade. Uma alegria forçada que não combinava com a realidade.
O roteiro escrito pelo diretor e por Tobias
Lindholm (os mesmos de “A Caça”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro),
inspira-se nas experiências do próprio Thomas Vinterberg, que cresceu numa
comunidade “hippie”.
Talvez, por isso, a personagem da menina
adolescente pode ser um alter-ego do diretor e personifique mesmo a peça
fundamental de toda a história, já que ela descobre o amor justamente quando vê
o casamento de seus pais desmoronar. Ela observa os adultos e começa a vida
amorosa com medo de sofrer.
Os atores principais, excelentes,
protagonizaram o filme mais famoso de Thomas Vinterberg, do movimento Dogma,
“Festa em Família” de 1998 e são o principal foco do filme.
Anna, que era a que mais queria
viver a ideia de comunidade, é a que é mais prejudicada, já que o marido não
embarca como ela nessa aventura. De repente, sua vida foge do seu controle e ela
tem que enfrentar o fato do passar dos anos.
“A Comunidade” passa uma reflexão de
que a vida não é o que se sonha e que quanto maior for a idealização, maior o
sofrimento e a decepção.
Um filme menor de Thomas Vinterberg
mas digno de nossa atenção.
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