domingo, 19 de abril de 2015

Um Fim de Semana em Paris

 
 
“Um Fim de Semana em Paris”- “Le Week-End”, Reino Unido, França, 2013
Direção: Roger Michell

Quem não adora Paris?
Para os britânicos é só pegar o trem em Londres e logo se chega lá.
Meg e Nick vão comemorar seus 30 anos de casados na Cidade Luz. Mas, se tudo neles é antecipação, uma nota dissonante já se faz ouvir:
“- Você está com os euros?”pergunta ela. “Você perde tudo!”
“Daqui a pouco perco você”, responde ele, meio brincando, meio sério.
Mas, quando chegam, os rostos iluminados, aproveitam do céu azul e brincam que sabem falar francês.
Na frente do hotel que reservaram, porque foi lá que passaram a lua de mel, há decepção nos olhos de Meg.
Parece que o passado traz lembranças de um outro hotel mais... Meg não sabe bem o quê.
Mas, definitivamente, a cor das paredes do quarto no último andar, por onde se sobe levando as próprias malas, por uma escada íngreme, porque ninguém ajuda, não é a mesma.
E Meg decide ir embora, Nick atrás, ouvindo as últimas desculpas e promessas do diretorzinho jovem do hotelzinho chinfrim.
Pegam um táxi e o “tour” por Paris traz novamente energia ao casal. E o Arco do Triunfo, a Place de la Concorde, a Notre Dame, tudo enche os olhos de Meg, que não se cansa de pedir outra volta ao taxista,
E, de repente:
“- Pare!”
E deixa o marido para discutir o preço da corrida com o taxista. Alguém já pega as malas.
Ela vai direto à recepção do Plaza Athenée. Uma moça elegante responde que, infelizmente, estão lotados.
 A decepção carrega o semblante de Meg mas Nick  olha todo aquele fausto e fica aliviado. Sentam-se no sofá de veludo do hall do hotel e estão trocando farpas, quando a mesma moça aproxima-se deles:
“-Vocês estão com sorte. Temos uma suíte por dois dias.”
E, do luxo da escadaria, com seus bronzes, mármores e passadeira macia, vão direto à suíte onde orquídeas, frutas exóticas e almofadas de seda os esperam. Ao sair ao balcão, a Torre Eiffel é vizinha deles:
“- É maravilhoso! Vamos brindar”, diz Meg, pegando um champagne e taças no frigobar.
“- Vai com calma...Já gastamos muito. Como vamos reformar o banheiro? Precisamos falar sobre a escolha dos azulejos.”
“- Ladrilhos?”, fala Meg com enfado.
E o casal vai continuar assim, indo do céu ao inferno, no meio das frases trocadas.
Nick parece ser um homem amedrontado, apesar de guardar ainda um charme juvenil quando quer usá-lo.
Percebe-se que adora Meg e que ela, de um jeito majestático, aceita a adoração. Mas sua beleza também está indo embora e o sexo que ele pede, ela pode dar mas nega, com a certeza de que ele vai ficar ali com ela.
Há amor entre eles mas sustentado por um clima agridoce.
O diretor Roger Michell (de “Um lugar chamado Nothing Hill”)1999, escolheu ótimos atores para viver o casal inglês, Lindsay Duncan e Jim Broadbent, maravilhosos e convincentes.
O roteiro é um acerto de Hanif Kuraishi.
Jeff Goldblum, o ex-colega de universidade, é o peso que vai desequilibrar algo que está por um fio.
Meg e Nick existem na vida real. Isso incomoda o espectador desavisado que pensa que vai ver Paris e suas luzes e acaba testemunhando um longo casamento que se alimenta de uma cumplicidade necessária.

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