quinta-feira, 16 de abril de 2015

Amor à Primeira Briga

 
“Amor à Primeira Briga”- “Les Combattants”, França, 2014

 Direção: Thomas Cailley

A juventude é uma época de incertezas. Sempre foi e será assim, porque é próprio de um momento da vida onde acontecem mudanças no corpo e na vida.
Arnaud, uns 18 anos, acabou de perder o pai, trabalha com o irmão mais velho na marcenaria que herdaram e a presença da mãe ao lado deles não é opressiva.
Madeleine, tem a mesma idade, é bonita, musculosa e brava. Falta nela um pouco de descontração, talvez um quê de feminilidade. Está sempre na defensiva.
Quando os dois são escalados para fazer um combate corpo a corpo na praia, ela, que parece mais forte do que ele, vai vencer a luta mas, surpreendentemente, ele morde o braço dela.
Vemos o olhar de surpresa que ela lança para ele. Mas não denuncia o golpe baixo. Ao contrário, aquela mordida provocou algo nela.
E a vida vai aproximando os dois, ou melhor, Arnaud vai se chegando e ela, sempre muito fechada.
Em meio a um trabalho de marcenaria que os irmãos fazem no jardim da casa de Madeleine, ele salva uma fuinha que caiu na piscina e a leva para Madeleine que não conseguira o resgate:
“- Vamos devolvê-la à vida selvagem”, diz Madeleine.
“- A mãe vai rejeitá-la. Está com cheiro de cloro. Vai morrer de fome. Você não quer adotá-la? Ser a mãe dela?”
“- Não posso. Em setembro vou para o exército” e devolve o bichinho para ele.
“- Tudo bem. Vou cuidar dela.”
E Madeleine, que está curiosa sobre Arnaud, mas não dá o braço a torcer, leva pintinhos congelados para a fuinha dele e aceita o convite para jantar que a mãe faz.
Conversando, Madeleine mostra seu medo do futuro, onde ela imagina que a espera um mundo agressivo e destruído. Não é só a crise que acontece na França que ameaça os jovens com desemprego. Ela vê realmente, um mundo sombrio à sua frente, com contaminação nuclear, seca, fome e epidemias.
Por isso resolveu alistar-se no exército, onde pensa que vai aprender a sobreviver num mundo hostil.
Na verdade, Madeleine teme o mundo dos afetos e posa de valentona. Arnaud, que parece frágil, convida a moça para dançar, ser mais alegre, mais feminina. Ele a convida para o amor.
Uma lição importante vai ser aprendida. A sobrevivência precisa ser vivida plenamente, senão qual é a graça?
O filme do jovem diretor e roteirista Thomas Cailley, 36 anos, mostra que acreditar nos estereótipos sobre o macho e a fêmea impede uma plena possibilidade de amadurecimento. E os jovens atores Kévin Azaias e Adèle
Haenel são excelentes. Ela ganhou o César, o Oscar francês de melhor atriz e o filme levou todos os prêmios da mostra “Um Certain Régard”, para primeiros filmes.
“Amor à Primeira Briga” foi um sucesso de público na França, valendo-se do boca a boca.
 Agradará a brasileiros também.

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