“Uma
Longa Viagem”- “The Railway Man”, Austrália, 2013
Direção: Jonathan Teplitzky
Ele é um prisioneiro do
tempo.
Parece estar na Escócia, numa reunião
de veteranos da Segunda Guerra nos anos 80 mas, alí, ele está só de corpo
presente. A alma ainda está presa na Tailândia, onde aconteceu o que o marcou
para sempre.
Eric Lomax (Colin Firth) é um
traumatizado de guerra. Mas Patti (Nicole Kidman) não sabe disso quando o
encontra no trem que a leva para conhecer as “Highlands” na Escócia. As belas
paisagens verdes, sempre molhadas de chuva e enfeitadas de arco-iris são sua
escolha para seus dias de férias.
Mas quem é que sabe qual será o próprio
destino?
Aquele homem obcecado por trens e que
tem mania de cronometrar tudo, tem algo melancólico e doentio em sua
personalidade, mas ela não presta atenção e aceita casar-se com
ele.
Aí, passado o primeiro encanto, vem o
susto. E, apesar disso, o amor dela por ele procura um meio de livrá-lo do
pesadelo que o persegue e sobre o qual se cala.
Enquanto ela decora a casinha deles
frente ao mar, ele afunda na depressão. A imagem destorcida de Eric no vidro da
janela é o perfeito reflexo do seu estado psicológico.
Ela procura ajudá-lo mas ele se fecha e
o casamento parece fadado a um triste fim. Porém Patti não desiste e o coloca
frente à frente daquilo que ele não quer ver mas que não o deixa viver. Para
isso, ela conta com a ajuda do também veterano Finlay (Stellan Skarsgad) que
sabia o que tinha acontecido com Eric.
Baseado em um livro escrito pelo
verdadeiro Eric Lomax, a história do filme é real. E mostra, com crueza, o que
foi a guerra para os britânicos capturados pelos
japoneses.
Aliás, qualquer guerra é cruel. Numa
situação onde a morte ronda, os homens podem praticar as
maiores barbaridades para dominar o
inimigo.
Mas, se a vida continua, a guerra não
termina fácilmente. Porque quem a viveu, não pode esquecer os traumas que
marcaram para sempre os que se enfrentaram com ódio e
medo.
Será possível perdoar a quem nos fez
tanto mal?
Esta é a pergunta do filme “Uma Longa
Viagem”, dirigido por Jonathan Teplitzky, que não chega a ser memorável. A não
ser pela atuação sempre convincente de Colin Firth, que mostra a dor e a prisão
onde ainda vivia seu personagem, anos depois do
acontecido.
Um filme tradicional, sem grandes
novidades mas que conta uma boa história verdadeira.
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