Direção: Xavier
Dolan
E se, por lei, os pais pudessem
internar seus filhos problemáticos em instituições, sem precisar de indicação
médica?
Durante as cenas de “Mommy”, o último
filme de Xavier Dolan, vamos ver uma relação mãe-filho com tal carga emotiva e
explosiva, que ficamos com um sentimento de irritação e medo, tudo ao mesmo
tempo. É uma experiência sufocante, asfixiante mesmo, sem saída que, ao mesmo
tempo, consegue ser terna e emocionante.
Diane Deprès (Anne Dorval), a mãe e
Steve (Antoine-Olivier Pilon), o filho com distúrbio de atenção, hiperativo e
com a agressividade descontrolada, vão nos atormentar e enternecer durante todo
o filme.
Ela é jornalista, perdeu o emprego, é
viúva ainda jovem e sua figura sexy chega a ser quase vulgar mas com algo de
atraente e original.
Steve tem 15 anos, olhos azuis e um
jeito de bebê louro fofo mas que pode virar um demônio num piscar de olhos,
quando as coisas não acontecem como ele quer.
Ele foi expulso da escola especial onde
estudava porque causou um incêndio e feriu um colega. A mãe, de modo muito
parecido com o filho, com onipotência, diz para a diretora que vai tomar conta
dele sozinha, com amor.
“- Pensou na lei atual? Como um último
recurso? Seu amor não pode curar isso que seu filho tem”, responde a diretora
com receio.
E vemos a mãe enfrentar seu carma com
coragem. Mas como ensinar o que não se sabe? Diane tenta e se esforça mas Steve
é uma tarefa acima de suas forças. Ele é uma
bomba-relógio.
A vizinha da frente (Suzanne Clément) é
como que um milagre acontecendo na vida daqueles dois. Ela é uma tábua de
salvação para Steve e Diane e eles são a força de vida que falta a ela. Por um
tempo, os três vão fazer bem uns aos outros.
Mas como milagres não acontecem todo
dia, Diane sonha com um final feliz para ela e Steve e se depara com o
impossível.
“Mommy” é como o colarzinho que Steve
rouba no supermercado e dá para a mãe como prova de amor. O filme nos coloca
frente a uma situação-limite onde o certo e o errado não são evidentes e por
isso o coração tem que escolher o menos pior.
Xavier Dolan, 25 anos e cinco filmes
surpreendentes, ganhou o prêmio do júri do Festival de Cannes 2014 com “Mommy”,
um trabalho extraordinário de atores e diretor, que também é roteirista,
produtor, editor, escolhe os figurinos e músicas para o seu
filme.
Um geniozinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário