Direção: Spiros Stathoulopoulos
Numa paisagem majestosa (Kalambaka, Grécia), onde tronam
dois blocos de pedras colossais, o silêncio é rompido apenas pelo canto de
pássaros, o sino das cabras e o vento.
Como se fossem enormes colunas, tais pedras sustentam em
seu cume, um monastério de padres ortodoxos e noutra, um convento de freiras.
Face a face.
Estamos fora do tempo em
“Meteora”.
Mas o isolamento em que vivem essas pessoas religiosas é
quebrado por acaso. A freira Urania (Tamila Koulieva) espera o saco que vai
içá-la para cima e encontra o padre Theodorus (Theo Alexander), jovem e bonito.
Nada falam mas algo se passa entre
eles.
O primitivo e natural desejo assoma à superfície
daqueles seres que se vestem de negro, mantém os olhos baixos e falam somente
com Deus através da oração.
Quando ele retorna ao monastério pela longa escadaria,
leva ela no coração e na mente.
E o encantador em “Meteora” é que o que se passa entre
eles, e o caminho de cada um para o alto, é reproduzido em desenhos que parecem
ícones de igreja ortodoxa. Surpresos, vemos figurinhas diminutas se mexerem
entre os mosaicos dourados.
À luz de velas, cada um em sua igreja, venera os mesmos
ícones que, para nós, ganham vida e recontam o
encontro.
Theodorus, estático aos pés do precipício
pergunta:
“- Vós testais a humanidade o tempo
todo?”
E logo uma luz, brilhante como um raio de sol, dança na
parede do quarto de Urania. Bem que ela se penitencia, queimando a mão na vela
para afastar pensamentos proibidos mas sua carne
palpita.
E ela, em desenho, vê o chão se abrir e aparecer o
inferno.
Ele também tem visões de um mar de sangue que jorra, por
sua culpa, mas a vontade de vê-la é maior e então ele usa um ícone espelhado
para chamá-la em seu quarto.
Um piquenique, cozinhado por ele, é a ocasião para a
paixão aflorar. O vinho atiça o desejo.
“O desespero é o único pecado sem perdão”, descobrem os
dois numa história de um santo antigo e riem dos sons das palavras “desespero” e
“liberdade” em grego e russo.
Como para todos os amantes, antes e depois deles, o riso
é o sinal da excitação que os invade.
Estão felizes juntos e isso vai ser mais forte que a
proibição e a austeridade.
Spiros Stathoulopolos dirigiu, roteirizou e fotografou
um filme raro, com um ritmo lento como os dias das pedras e tocante como as
batidas fortes de dois corações.
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