Direção: David Frankel
É incrível a quantidade de transtornos que o tenor galês
Paul Potts teve que enfrentar para que ele, enfim, aos 43 anos, pudesse realizar
o sonho de sua vida.
O filme, que é baseado em fatos reais, começa em 1985,
em Port Talbot, no País de Gales, na Inglaterra, com o ator James Corden, que
faz Potts, dizendo em “off”:
“ - Desde que me lembro por gente, eu queria cantar.
Cantar de verdade. Eu nasci com o que o mestre do coro chamava de “uma grande
voz”. Uma voz que nasceu para cantar ópera.”
O menino gorducho, de olhos azuis no rosto redondo,
pacífico por natureza, sofreu muito “bullying” na escola. Porque ele cantava o
tempo todo.
“- E quanto mais eu cantava, mais eu sofria na mão dos
meninos da escola. Quanto mais eu sofria apanhando, mais eu cantava.” E ele
resume:
“- Foi um interminável drama, onde havia música e
violência, romance e comédia. Como uma ópera. A ópera da minha
vida.”
O filme “Apenas Uma Chance”, é dirigido por David
Frankel (“O Diabo Veste Prada”2006 e “Marley e Eu”2008), que encontrou o tom
emocional exato para contar uma história que emociona, sem cair na
pieguice.
Em casa, a vida também não era fácil para Paul. O pai
(Colm Meany) não via com bons olhos sua mania de ópera, nem sua gordura.
Implicava com ele o tempo todo, dando a impressão de que não o considerava
“macho” o suficiente para ser seu filho. Enquanto que a mãe, superprotetora,
comungava com Paul a adoração pelas árias de Pavarotti e a certeza de que ele
seria um dia, um grande tenor.
E, quando Paul começa a namorar Julz (a ótima Alexandra
Roach, também gordinha de olhos azuis), encontra mais uma aliada para torcer por
ele e ajudá-lo a realizar seu sonho.
O caminho foi longo e cheio de contratempos, alguns até
mesmo trágicos, desde um apêndice que teve que ser operado às pressas na véspera
de sua estreia na “Aida”, até um tumor na tireóide e um atropelamento que o
deixou estropiado por mais de um ano.
Sem contar a decepção em sua passagem pela bela Veneza,
quando não conseguiu cantar, de puro nervosismo, na frente de seu ídolo
Pavarotti.
Ele não tinha nada a seu favor, a não ser sua voz e a
confiança das mulheres de sua vida, mas ganhou o concurso da TV “Britain’s Got
Talent”em 2007.
O filme é bem conduzido, os atores são ótimos e os
acontecimentos levam os espectadores sensíveis muitas vêzes às lágrimas,
identificados com os sofrimentos e o final feliz emocionante de Paul
Potts.
Alíás é ele mesmo que dubla todas as árias que o ator
James Corden finge cantar. Um presente para quem gosta de
ópera.
Entretenimento gostoso, divertido, com momentos de
verdadeira emoção, “Apenas Uma Chance” passa uma bela lição de persistência e
apego a um sonho de uma vida toda.
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