Direção: Scott Cooper
Existe uma violência no ser humano que pode explodir
quando menos se espera. Geralmente há um bom motivo mas outras vêzes
não.
A cena inicial de “Tudo por Justiça” é exemplar nesse
sentido. Do nada, um sujeito usa de uma violência gratuita e covarde para
agredir uma mulher que está com ele num drive-in e depois se volta contra quem
quer defendê-la. Bate muito em um homem que cai sem vida e ameaça os outros que
poderiam querer comprar essa briga.
Esse personagem assustador (Woody Harrelson) vai
reaparecer no final da trama e vai levar um bom homem à violência por
vingança.
Mas “Tudo por Justiça” é também um filme sobre o amor
fraterno. Russell (Christian Bale, ótimo) é o irmão mais velho de Rodney (Casey
Affleck, muito bom também) e, apesar dos dois serem muito diferentes, se
adoram.
Vivem numa cidadezinha da Pensilvânia que tem uma
metalúrgica. O pai deles trabalhou lá, assim como seu próprio pai e agora está
muito doente. Russell segue o mesmo ofício e Rodney é soldado, convocado várias
vêzes para a guerra do Iraque. Parece que isso deixou marcas profundas
nele.
Russell leva uma vida dura mas tem o amor de Lena (Zoe
Saldanha). Os dois estão felizes mas ela sonha com um bebê.Ora, o salário de
Russell é pouco e ele tem que sustentar o pai e o irmão, que não trabalha e vive
metido em encrencas por causa de dívidas.
Willem Dafoe faz, com brilho,o agiota que tenta
demovê-lo de se meter em encrencas ainda piores, já que Rodney insiste em ser
lutador em brigas ilícitas, com final arranjado.
Questionado pelo irmão mais velho, o mais moço sempre
encontra no fato de ter visto os horrores de uma guerra, a desculpa para não
trabalhar. Algo ruim cresceu lá dentro dele e o faz prisioneiro de um destino
cruel.
Preocupado e por isso distraido, numa noite, Russell
bate num carro que ele não viu, saindo de uma estrada lateral. Assustado e
nervoso, sai correndo e tenta ajudar as pessoas do outro carro. Horrorizado, vê
que uma criança está morta.
O diretor e co-roteirista Scott Cooper conta bem sua
história. Não se perde em explicações mas usa o talento de seus atores (mesmo
Forest Whitaker e Sam Shepard em pontas), para mostrar a personalidade e o
destino provável de cada um.
Leonardo DiCaprio e Ridley Scott produziram o filme,
apostando assim no talento do diretor Scott Cooper, que já nos deu “Coração
Louco”2010.
“Tudo por Justiça”, seu segundo longa, tem um elenco de
peso e uma história comovente.
Fiquem atentos porque há uma cena final inesperada e
importante. Não saiam correndo do cinema.
Aliás, a música “Release” da banda Pearl Jam é cantada
no início do filme com tristeza e no final com desespero. Vale ouvir toda ela
durante os créditos finais. Uma beleza.
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