Ontem, no calor da
entrega dos prêmios, deixei muita coisa de lado. Afinal, àquela hora tardia, não
dava para escrever tudo.
Nas imagens que ficaram
na minha cabeça, percebo a Academia mudando, para premiar filmes mais baratos e
feitos com alma e indignação.
“12 Anos de Escravidão”
e “Clube de Compras Dallas” são libelos contra o sofrimento de pessoas que, ou
perdem injustamente sua liberdade, uma vergonha para a humanidade, ontem e ainda
hoje, ou morrem por causa de interesses de laboratórios farmacêuticos cooptados
por governos. Outra vergonha mundial.
E também parece que a
Academia não gostou de dois filmes que focavam gente mentirosa e drogada. Apesar
de que, na minha opinião, “O Lobo de Wall Street” é um filme altamente moral,
com uma lição importante para se aprender. O que não acontece com “Trapaça”. Os
dois filmes não ganharam nada. Achei injusto. Leonardo DiCaprio realizou, sob a
direção do mestre Scorsese, um belo trabalho.
“Ela”, meu filme
favorito, do grande Spike Jonze, comandou um dos momentos mais singelos e
românticos da noite com a linda canção “The Moon Song”, que deveria ganhar. Esse
rapaz talentoso e original, levou para casa, merecidamente, o Oscar de roteiro
original. Ele tem belas ideias.
“Gravidade”, lançado no
Festival de Veneza e muito elogiado desde então, mereceu cada prêmio que
recebeu. Alfonso Cuarón fez poesia no espaço e reconheceram seu talento com o
Oscar de diretor.
Outro ponto que eu
notei: as minorias gay e negra, foram altamente valorizadas. No tapete vermelho,
Portia Di Rossi, companheira de Ellen Degeneres, a apresentadora da noite,
contava tranquilamente que não podiam ir a nenhuma festa do Oscar porque Ellen
acorda cedo para o seu show na TV.
E “Clube de Compras
Dallas”defende o direito das pessoas exercerem sua sexualidade sem que precisem
temer as consequências mortais da AIDS e possam se tratar de uma doença que hoje
em dia não mata como nos anos 80.
A grande estrela da
noite foi Lupita Nyong’o que trouxe a África para o Oscar e esbanjou talento e
elegância.
E, para reafirmar seu
direito a todos os prêmios, Cate Blanchett nem sequer foi respingada pelas
ofensas dirigidas ao diretor Woody Allen, a quem agradeceu no seu
discurso.
Angelina Jolie recebeu o
Oscar por sua participação solidária a favor dos que sofrem e estava linda como
sempre. Seu sorriso iluminou a tela. Na plateia, palmas do marido
orgulhoso.
Ellen Degeneres foi uma
ótima mestre de cerimônias e o “timing” dela funcionou. Sobraram umas farpas
para Liza Minelli, que virou a cara e para Bradley Cooper, a quem entregou um
prêmio de consolação divertido que ele recebeu friamente.
Adorei as fotos de
celular que ela organizou e que trouxe para o Oscar a mania atual de colocar
fotos na internet. Afinal, eles são gente como a gente. Bem mais brilhantes e
glamurosos, admito.
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