Direção: David Frankel
Quem foi que disse que a geração de mais de 60 anos está
fora do cinema americano?
É verdade que casais maduros costumam aparecer mais em
filmes europeus. Mas, em se tratando de Meryl Streep, ganhadora de três Oscars (
“Dama de Ferro”, no ano passado, “A Escolha de Sofia”, 1982 e “Kramer X Kramer”,
1978) parece que tanto o público mais velho quanto o de 40 anos, vai se
interessar por tudo quanto ela fizer.
No ano passado o seu par foi George Clooney em
“Simplesmente Complicado” e, nesse ano,
com 63, faz um casal com Tommy Lee Jones, de 65 anos, tendo como
assunto os casais americanos de terceira
idade, de classe média.
Não que seja um privilégio da classe média americana ter
casais que tem problemas com sexo e intimidade. A venda de Viagra e congêneres
pelo mundo todo, fala a favor de que os homens maduros não querem abrir mão de
sua sexualidade. Mas, talvez, não queiram exercitá-la exatamente com a sua cara
metade.
Em “Um Divã para Dois”, o problema parece ser a frieza
de Tommy Lee Jones, que faz Arnold, um contador desinteressado de sexo e
sentimentos, com qualquer mulher. Ele parece um homem deprimido, sempre com a
cara fechada e tentando com êxito ignorar o mundo dos afetos.
Mas Meryl, sua esposa Kay, há 31 anos, ainda tem
esperanças de ressuscitar a paixão no seu casamento. E, apesar do sexo ser ainda
tabu em filmes americanos, é disso que vai se falar em “Um Divã para
Dois”.
Ela procura ajuda. E isso inclue terapia em Great Hope
Springs, Maine, com o Dr Feld (Steve Carell) que acredita na frase: ”Você pode
ter o casamento que você quer.”
Claro que Arnold resiste, porque não vê nada de errado
em seu casamento com Kay, quartos separados, nenhum sexo, nem ao menos bons
companheiros. Para ele,aparentemente, assim está mais que bom.
Mas Kay está decidida. Ou vão os dois para a terapia
conjugal, ou ela desiste do casamento com Arnold. Aliás, é ela que está pagando
todo o tratamento com suas economias.
“- Paguei tudo. Eu quero ter um casamento
novo.”
Arnold não pode dizer não. Ou talvez, lá no fundo,
também queira mudar mas não pode deixar transparecer. Criou uma imagem de si
mesmo e agora, para salvar a auto-estima não pode dar o braço a torcer. Mas essa prisão pesa tanto para ele que, fazendo de conta que está contrariado,
dá graças a Deus por Kay ter dado o primeiro passo.
E David Frankel, que dirigiu Meryl Streep em “O Diabo
Veste Prada”, não tem nenhum problema em dirigir esses dois grandes atores, em
cenas tanto hilárias quanto dramáticas.
Meryl Streep, de óculos, com um vestido brega e corte de
cabelo de solteirona, está impagável usando bananas para seguir lições sobre
sexo oral. E tentar tal proeza em um cinema!
Tommy Lee Jones está ótimo ao incorporar o contador
insensível, pão duro mas que, no fundo, não quer perder sua melhor parte e conta
com sua esposa Kay para reavivá-lo, com mais eficiência e melhor que qualquer
Viagra.
“Um Divã para Dois” é comédia com boas risadas mas é também tragicomédia porque trata de um assunto que separa casais maduros.
Se bem que hoje isso está mudando, já que a esperança de viver até 100 anos mudou ou está mudando o nosso modo de olhar a velhice. Esta parte da vida já não é, necessáriamente, só saudades da juventude.
O certo é que todo mundo se preocupa mais com a qualidade de vida que tem no presente e que terá no futuro. E se prepara para viver o mais plenamente possível. E a sexualidade é uma área da vida do casal que traz prazer e vontade de viver. Quem vai abrir mão?
Se bem que hoje isso está mudando, já que a esperança de viver até 100 anos mudou ou está mudando o nosso modo de olhar a velhice. Esta parte da vida já não é, necessáriamente, só saudades da juventude.
O certo é que todo mundo se preocupa mais com a qualidade de vida que tem no presente e que terá no futuro. E se prepara para viver o mais plenamente possível. E a sexualidade é uma área da vida do casal que traz prazer e vontade de viver. Quem vai abrir mão?
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