Direção: Declan Donnellan
e Nick Ormerod
Subir na vida usando o
belo visual, fazendo sexo sem escrúpulos e envolvido em mentiras, pisando em
tudo e todos, sem nenhum arrependimento ou remorso.
Esse é o roteiro pessoal
de Georges Duroy, na Paris da última década do século XIX, no filme “Bel Ami, o
Sedutor”, que se inspira no romance de Guy de Maupassant de
1885.
Mas esse livro poderia
ter sido escrito hoje. O enredo não passou de moda num mundo onde muitos querem
ser famosos e ricos, custe o que custar, de preferência sem fazer nenhum esforço
para isso e, pior, sem medir as consequências de seus atos e jogando os
escrúpulos pela janela. Chamar a atenção sobre esses tipos e o modo perverso
como atuam, é uma das qualidades do filme.
Guy de Maupassant,
escritor francês, autor de “Bel Ami", faz um retrato debochado da sociedade
parisiense nos anos entre os séculos XIX e XX, para isso colocando no centro do
palco, seu herói sem caráter, Bel Ami.
No cinema, Robert
Pattison, o famoso vampiro da saga “Crepúsculo” é Bel Ami, apelido dado a
Georges Duroy pela filha de sua primeira amante da alta sociedade parisiense,
uma criança ingênua.
Ao chamá-lo assim, a
menina viu no rapaz apenas a bela estampa, roupas caras e a vontade de agradar.
Só a aparência. Tipos como Bel Ami, aliás, sempre fizeram sucesso entre as
mulheres ingênuas de todas as idades...
O filme tem com subtítulo
“O Sedutor". E, certamente, enfatiza mais esse lado donjuanesco do personagem.
Mas Georges Duroy não tem a sedução em si como seu verdadeiro objetivo. Ele
almeja poder e dinheiro, conseguindo sempre tudo o que quer através de
manipulações sedutoras e inescrupulosas.
Robert Pattison se
esforça no papel titulo mas não possui as características que imaginamos para o
personagem quando lemos o livro. Faltam nuances em seu comportamento, frieza no
olhar, insinuações libertinas e humor perverso.
O descompasso entre o
ator e as atrizes que o cercam, dão ao filme um ritmo defasado. Elas brilham e
ele é o coadjuvante, quando deveria ser o contrário.
Se não, imaginem. A
maravilhosa Uma Thurman faz Madeleine, bela, inteligente e também manipuladora.
Christina Ricci, juvenil, é Clotilde, a mais romântica e generosa. E Kristin
Scott Thomas, com a sua sensibilidade apurada a serviço de sua personagem, é
Virginie, a mulher mais velha e inexperiente que não entende o que Bel Ami quer
com ela. Convenhamos, precisaria ser muito carismático para enfrentar um trio
desses e não perder a liderança.
“Bel Ami, o Sedutor” tem
uma fotografia que valoriza os atores e a cidade de Budapeste, onde foi rodado e
direção de arte esmerada. Figurinos atraentes e trilha sonora bem
encaixada.
O filme agrada porque
tudo é bem cuidado, Robert Pattison tem uma bela figura e as atrizes são
magníficas mas está longe do requinte psicológico com que Guy de Maupassant
escreveu seu livro famoso, um clássico da literatura.
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