Direção: Christopher
Nolan
As primeiras cenas são
escuras. Há um lamento que nos invade... É a nota inicial da última parte da
impressionante trilogia do diretor Christopher Nolan sobre a mítica figura das
histórias em quadrinhos, o Batman.
Mas, quase esquecemos o
tom sombrio do começo, como se fosse uma sombra que já passou, porque a história
é complexa e exige nossa atenção. O ritmo que Nolan escolhe na narrativa é o de
um trem bala. As imagens filmadas em IMAX são grandiosas.
O novo vilão, Banes (Tom
Hardy), entra na tela sem apresentação, comandando mercenários. Ele tem uma
estranha máscara presa ao rosto e é brutal. Lidera um sequestro incrível e
cruel. Pessoas são jogadas de um avião em pleno voo.
Mas, mal dá para
registrar tais cenas, porque já nos envolvemos com uma grave acusação que o
comissário de polícia (Gary Oldman) joga sobre Batman, que faz sua primeira
aparição, em silhueta na noite.
Na mansão do milionário
Bruce Wayne, o outro lado do Batman, o mordomo Alfred (Michael Caine, ótimo) que
faz as vêzes de um substituto paterno, aconselha seu patrão tristonho a mudar de
vida, viajar, espairecer, casar talvez.
Qual o quê... Mais
deprimido do que nunca, melancólico mesmo, Bruce Wayne não conseguiu esquecer as
perdas que sofreu e vive um luto negro.
Nem a visita de uma
Mulher-Gato sedutora, na pele macia de Anne Hattaway, o anima. Mas, pelo menos,
ela inspira a única gracinha do filme, tingida, porém, de nostalgia. Olhando o
colar que ela acabara de surrupiar de seu cofre, ele diz:
“- Bonito colar... Lembra
o de minha mãe.”
Selina é a nota alegre e
solitária, em oposição ao soturno Batman. Ela é “sexy” e elegante nos pretinhos
que desfila e especialmente provocante na fantasia de couro justa, que revela
uma cinturinha de vespa invejável.
Mas as cenas à luz de uma
lareira não são com ela. É a rica Miranda (Marion Cotillard) que leva Bruce para
o tapete. Porém, a moça terá que se contentar com um erotismo paupérrimo. Dois
órfãos que se consolam, nada mais.
Aliás, toda a história é
sombria, desesperada mesmo. Todos sofrem à espera do apocalipse. Os cenários
mais visitados são os esgotos da cidade. A Batcaverna, que brilha na escuridão,
banhada por águas prateadas, é pouco usada.
Gotham é uma Nova Iorque
fotografada em tons cinza que sofre com a ameaça de uma crise financeira nunca
vista e pior, sua total destruição.
Há um terror kafkaniano
que paira sobre todos.
Uma criança, “nascida no
inferno”, vai atacar porque foi maltratada e nunca se esqueceu do “Poço”, prisão
maldita da qual conseguiu escapar físicamente mas que colou-se em sua mente para
sempre.
É claro que
as lutas são perfeitas e as perseguições empolgantes com o estreante Morcego,
nave supertecnológica que substitue o Batmóvel e tem uma performance
estonteante.
Sem falar na Batpod, uma
moto futurística que faz tudo parecer antigo e obsoleto. Obras do mago Lucius
Fox (Morgan Freeman).
Mas a tristeza
impera.
Esse “Cavaleiro das
Trevas” traz uma história contemporânea que homenageia a vítima que se imolou
para salvar seu mundo.
O tom é melancólico mas a
trilogia de Christopher Nolan termina de uma maneira
impactante.
Afinal, uma lenda não
morre jamais.
Ponto fraco para a Talia al Ghul de Marion Cotillard (isso é spoiler?), com direito a "momento-parem-tudo-que-vou-explicar-minhas-motivações", além de uma morte estilo Zorra Total - será que foi uma homenagem de Nolan à série sessentista?
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