Direção: Fernando Meirelles
Nunca o mundo todo pareceu tão acessivel a todos como
hoje em dia. Aviões cruzam os céus e aproximam pessoas e lugares, antes
inatingíveis. Mas, do mesmo modo, há um lado caótico e impessoal nessa
proximidade de estranhos, que deixa lacunas na comunicação.
Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”2002, “Jardineiro
Fiel”2005, “Ensaio sobre a Cegueira”2008), gosta de movimentar sua câmara e
andar atrás de seus personagens.
Em “360”, adaptação da peça de teatro “La Ronde”do
austriaco Arthur Schnitzler (1862-1931) pelo roteirista britânico Peter Morgan,
o mundo dá voltas e os personagens se conectam, viajando por Viena, Paris,
Londres, Bratislava, Denver e Phoenix.
“- São nove histórias e a gente fica com a impressão de
que não pôde desenvolvê-las como gostaria”, diz Meirelles.
Mas esse é o charme do filme que segue os personagens
durante um certo trecho do caminho e logo tem que abandoná-los para seguir
outros. Há uma pressa contemporânea que marca os relacionamentos entre os seres
humanos e os torna fragmentados.
Na história entram na roda uma prostituta eslovaca
(Lucia Siposová) e sua irmã Anna (Gabriela Marcikova), um empresário inglês
(Jude Law) casado com Rose (Rachel Weisz) que tem um caso com um fotógrafo
brasileiro (Juliano Cazarré) que vive com a namorada ( Maria Flor, atriz muito
expressiva) em Londres, que decide voltar para o Brasil e conhece no voo o
britânico John ( Anthony Hopkins), ex-alcoólatra que procura a filha
desaparecida nos Estados Unidos e também Tyler (Ben Foster), criminoso em
liberdade condicional. Enquanto isso, em Paris, uma russa mal casada (Katrina
Vasilieva) com um chefe do crime se apaixona por outro, enquanto o marido se vê
envolvido com a irmã da prostituta eslovaca do início do filme. Giro de 360
graus.
Lá pelas tantas, um dos personagens diz ao
outro:
“- Cheguei em uma bifurcação. Estamos em caminhos
separados agora. Onde irão nossos caminhos?”
Essa é a pergunta que todos nós nos fazemos, um dia ou
outro. Por isso nos identificamos com esses personagens que buscam a ligação com
outros parceiros mas também se separam porque a vida continua e novas
experiências os aguardam.
O filme de Fernando Meirelles é visualmente bonito, os
atores brasileiros estão ótimos, falando um excelente inglês com charmoso
sotaque e Anthony Hopkins é um “monstro”em sua atuação sempre
excepcional.
Se algo parece rigido na história de “360” é, talvez,
porque o mundo é redondo e, girando nesse angulo proposto, voltamos sempre ao
mesmo lugar e ao mesmo ser humano, sempre igual em suas incertezas, buscas e
confusões em seus amores e paixões, aonde quer que estejam.
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