Luxemburgo/Bélgica 2012
Direção: Sylvie Testud
Uma bela casa com venezianas verde-claro, cercada de
árvores frondosas e arbustos floridos. Caminhos cobertos de cascalho cercam a
mansão do século XIX e descem até o mar de Antibes.
Dentro da casa, em uma saleta clara de sol, com flores
em vasos preciosos, uma jovem conversa com um senhor que deve ser o dono da
casa. Ela veste-se com simplicidade. Jeans e camisa com florzinhas. Mechas
rebeldes de seu longo cabelo escuro soltam-se do rabo de
cavalo.
Parece que conversam sobre um emprego para ela. E o
homem mais velho trata a jovem com simpatia.
“- Quando você pode começar?”pergunta o milionário
Dimitri Speranski à jovem.
“- Quando quiser. Logo.”
“- Então na semana que vem? Meu escritório em Paris fica
no Edifício Aurore, na Défense.”
Levantam-se. Ele sai na frente e ela escreve o endereço
nas costas de sua mão. Percebe-se que ela é simplória e o ambiente, de um luxo
burguês, faz com que fique acanhada.
Saem no terraço e ela vê um rapaz bonito brincando com
um cachorro.
“-É meu filho que gosta de desenhar histórias em
quadrinhos”, comenta o sr Speranski.
Um carro estaciona em frente às escadas da casa e dele
sai uma senhora de cabelos brancos, chic, calças brancas, blazer azul marinho,
óculos escuros. Traz compras.
“-Ah! Você deve ser Marie”, diz à moça. “Meu marido
falou que você tem um curriculo brilhante! E ele é exigente! Seu pai está
melhor? Sua mãe nos contou sobre o acidente...”
Ela responde algo e o senhor ajunta:
“-Diga à sua mãe que ela fez bem em me
procurar.”
Marie vai descendo a escada e cruza com o rapaz e o
cachorro.
Se ela soubesse o que a espera no
futuro...
Não vai ser fácil acordar num belo dia, anos depois e
ver que tudo lhe é estranho. Terá que reconstruir-se sózinha. De repente, vai
sentir-se vivendo uma vida que não parece a dela...
Valerá a pena lutar?
Juliette Binoche, a grande estrela que brilha
trabalhando tanto com os grandes nomes do cinema quanto com iniciantes, como é o
caso com “A Vida de Outra Mulher”, é surpreendente.
Com seu belo rosto expressivo, um simples corte de
cabelo, um jeito diferente de andar que ela adota, um modo de se vestir, bastam
para transformar essa ótima atriz na personagem que ela
quiser.
Sylvie Testud é a diretora estreante desse filme que ela
adaptou de um romance de Frédérique Deghelt. Dirigir Binoche deve ter sido um
prazer. Ela é uma das atrizes mais requisitadas no momento e seus filmes atraem
legiões de fãs que querem apreciar o seu talento.
Em “A Vida de Outra Mulher” ela contracena com Mathieu
Kassovitz que fez “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e que aqui é Paul, seu
marido.
Mas, quando se trata de Juliette Binoche, ela é sempre o
foco principal. Com sua beleza madura, ela ilumina todas as cenas em que
aparece, nessa comédia dramática que tem momentos de humor e de reflexão da
personagem sobre a passagem do tempo e o que ela fez com a sua
vida.
Além de uma história intrigante, uma atriz divina e
belas locações em Antibes e Paris.
Vai ser mais um sucesso.