“Cézanne e
Eu”- “Cézanne et Moi”, França, 2019
Direção:
Danièle Thompson
Este é um
filme sobre dois grandes homens nascidos quase no mesmo ano do século XIX. Paul
Cézanne (Guillaume Gallienne) em 1839 e Émile Zola (Guillaume Canet) em 1840.
Foram dois gênios, um na pintura, o outro na literatura e amigos de infância. É
a história dessa amizade que vai ser contada.
Vemos os
dois na escola e aproveitando da natureza sublime da Provence, região ao sul da
França. Iam juntos em caçadas pelo bosque de folhas verde claro, com altas
árvores e arbustos, a terra vermelha, os riachos de pequenas pedras, enormes
rochas quase brancas e, ao fundo, o Mont Sainte Victoire. Sem falar do céu
turquesa com fiapos de nuvens brancas.
Paul
Cézanne era filho de banqueiro, enquanto Émile Zola foi criado com poucos
recursos por sua mãe, Émilie (Isabelle Candelier).
Mas, na
vida adulta inverteram-se os papéis e a riqueza veio para Zola, recompensa de
seu talento e determinação, enquanto Cézanne vivia com apertos financeiros
devido a brigas com seu pai, que não aprovava suas escolhas na vida.
Esse é
também um filme sensorial. E descreve através de imagens os dois mundos tão
diferentes dos dois amigos. Para um deles, pilhas de páginas escritas num salão
bem decorado onde luziam cristais, cerâmicas chinesas, sedas e veludos e o robe
elegante de Zola, com seu “pince-nez” e barba bem cuidada. De quando em quando
saboreava um biscoito, enquanto escrevia.
Para o
outro o ar livre, barba e cabelos compridos, chapéu de feltro, roupas
descuidadas e a busca da imagem ideal nos quadros que pintava e, muitas vezes
jogava com raiva no chão, rasurava com pinceladas cruéis e um eterno mal humor.
Mas a paleta fornecerá cores para os milhares de quadros que pintou, procurando
uma simplificação geométrica, que depois o tornou chefe de escola, admirado
pelos pintores mais jovens.
Pois bem e
essa amizade? Fraterna, de abraços apertados e longas conversas, passa a ser
mais distante à medida que Zola se torna famoso e Cézanne ainda espera a
chegada de Ambroise Vollard, que vai torná-lo reconhecido.
Vamos ver a
época da infância e adolescência em
Aix-en-Provence
e depois Paris, na taverna de Père Tanguy onde passavam noitadas com Camille
Pissarro
(que foi
mestre de Cézanne), Auguste Renoir, Manet e outros impressionistas.
Zola e
Cézanne tiveram encontros e desencontros. E o rompimento.
Émile Zola,
prêmio Nobel de Literatura, repousa no Panteão, onde só os mais ilustres
franceses estão e Paul Cézanne pintou o quadro que foi recorde em leilão, 250
milhões de dólares, “Os jogadores de Cartas”.
Picasso e
Matisse disseram de Cézanne: “ele foi o pai de todos nós”.
O filme,
bem dirigido por Danièle Thompson, termina com os últimos créditos passando
projetados nos vários quadros que Cézanne pintou com a paisagem da Provence e o
Mont Sainte Victoire ao fundo, indo do naturalismo ao cubismo.
“Cézanne e
Eu” é um filme sempre belo.
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