“Memórias
da Dor”- “La Douleur”, França 2017
Direção:
Emmanuel Finkiel
Margueritte
Duras (1914-1996) foi uma escritora francesa que assinou romances (“L’Amant”),
roteiro para cinema
(“Hiroshima,
mon amour”), poemas, foi diretora de cinema (“India Song”) e escreveu textos
para teatro. Ela foi uma das vozes femininas mais importantes do século XX.
Vamos
acompanhar um episódio de sua vida nesse filme de Emmanel Finkiel, que se
inspirou no livro dela, “La Douleur”, publicado em 1985, onde conta as
angústias que sentia quando seu marido era prisioneiro político dos alemães,
durante a ocupação da França na Segunda Guerra. Ele era do Partido Comunista
Francês e trabalhava na Resistência.
Robert
Antelme (1917-1990) com quem Margueritte foi casada de 1939 a 1947, tinha sido
preso e levado para o campo de concentração de Dachau.
A França
viveu um período difícil de 1944 a 45 quando se dividiu entre os patriotas que
haviam entrado na luta subterrânea contra os invasores, enquanto outros
aderiram ao inimigo.
“Memórias
da Dor” com Mélanie Thierry fazendo o papel da escritora com o coração e a
alma, transmite com palavras e imagens o que se passava no interior dela,
enquanto, desesperada, procurava por notícias do marido.
Ela chega a
se aproximar de um policial francês ligado à Gestapo, Pierre Robier ( Benoit
Magimel), para se informar sobre o que podia estar acontecendo com ele.
Quem muito
a ajudou nesse momento terrível foi o companheiro da Resistência, Dionys
(Benjamin Biolay). No filme há uma alusão velada de que os dois teriam sido
amantes. O certo é que ele foi seu segundo marido de 1947 a 1956.
Mas é a
espera o tema principal do livro “La Douleur”. Margueritte em sua espera pela
volta do marido vai caminhando do campo da esperança para o da descrença e a
certeza de que Robert está morto. É um desejo de vida que vai se transformando
numa angústia insuportável.
Quando tudo
acaba, a dor da espera a abateu. Definhou, ficou doente e em suas lembranças
delirantes de febre revive a dor da morte do filho deles, recém nascido.
Margueritte
Duras, talentosa e reflexiva, derrama no papel o que se passou com ela, mas
também com os franceses e com a França em seu livro “La Douleur”.
O filme
tenta passar essa qualidade poética e lúcida do texto, mas são artes
diferentes. E portanto, o filme fica a dever ao livro. Mas é sempre
assim. Como condensar uma rica vida intelectual e afetiva em duas horas?
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