“Encontro Marcado”- “5 to 7”, Estados Unidos, 2014
Direção: Victor Levin
Aposto que vocês não sabem. Eu também não sabia mas o
narrador do filme, o candidato a escritor Brian Bloom (Anto Yelchin), conta que
os bancos do Central Park são doados à cidade de Nova York com direito a uma
placa com uma inscrição. Tem de tudo, sugerem muitas histórias, mas uma em
particular vai ensinar muita coisa ao jovem de 24 anos que, por mais que tente,
não consegue publicar nada que escreve.
“I Would Hold Your Heart More Tenderly Than My Own”, ou algo
como “Eu vou cuidar do seu coração com mais ternura do que cuido o meu”. A
câmera mostra longamente essa inscrição mais intensa do que as outras. Alguém
tem que se esquecer de tanto que ama o outro. Isso vai dar certo?
Bem, aí entra nosso jovem que, andando pelas ruas da cidade,
cansado de não conseguir a inspiração desejada, bate o olho numa morena que
fuma na calçada de um restaurante. Uma sereia.
“- Foi a primeira vez que eu atravessei a rua por causa de
alguém", confessa ele.
Arielle tem um sorriso que ilumina tudo em volta dela
(Bérenice Marlohe) e Brian, que precisa tanto de uma musa, parece que encontrou
a sua.
Só que Arielle é bem casada, com o consul francês em Nova
York, Valéry Pierpoint (Lambert Wilson) e tem dois filhos. E os “5 às 7” do
título original é o que resta para os dois. Refere-se a algo que é uma
expressão que significa um encontro amoroso com regras.
“- Ninguém vai perguntar o que uma pessoa faz das 5 às 7”,
explica Arielle para um Brian decepcionado mas que entende o que o objeto de
seu desejo quer dizer. Trata-se de um terreno privado da pessoa que é casada
com outra, que também tem um espaço privado. Valéry ama Arielle mas também se
distrai com Jane (Olivia Thirlby), uma jovem editora.
E vemos todos juntos num jantar na casa dos franceses. Tudo
muito civilizado, dentro das regras aceitas por todos os participantes.
Mas Brian Bloom vai amar perdidamente, fazer juras e levar
Arielle para conhecer seus pais, interpretados deliciosamente por Glenn Close e
Frank Langella.
A mãe judia de Glenn Close diz para o marido escandalizado com
a namorada casada do filho:
“- Como podemos não amar alguém que ama o nosso filho? ”
O roteiro escrito pelo diretor Victor Levin sugere que
existem várias formas de amar e ser amado. E que um amor especial nunca é
esquecido, aquecendo o coração com uma lembrança doce. E também que o
importante é ter coragem para enfrentar as dores de amores, que sempre
acontecem.
Agora, quem quiser tranquilidade, céu sem nuvens, melhor
evitar o “5 às 7”.
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