Direção: John Lee Hancock
O sonho americano do sucesso
é perseguido por muitos. Aliás quem quer ser um “looser”? No capitalismo, as
regras são ganhar sempre e então você será um “winner”(vencedor) ou um
“looser”(perdedor).
Ray Kroc, 52 anos, um
vendedor de produtos aparentemente inovadores, rodava os Estados Unidos à cata
de compradores para uma máquina de fazer “milk-shakes”. Ele tem uma boa lábia e
sabe vender seu produto que é diferente dos outros do mercado. Faz mais, com
menos tempo. Porém vende um aqui, outro acolá. O mercado é restrito.
Até que em 1954, ele entra em
contato com um comprador que encomendara seis multimixers. Ele liga, certo de
que se tratava de um erro da secretária. Mas não, era verdade. Dick McDonald
precisava de oito daquelas máquinas.
Ray olha o mapa e de Illinois
vai até San Bernardino pela Route 66, atravessando planícies imensas,
perseguindo sua intuição. Quem será esse tal de McDonald?
No quarto de motel onde se
hospeda para passar a noite, Ray ouve discos de auto-ajuda que vendem “O Poder
do Pensamento Positivo”. São frases como “Nada no mundo substitui a
persistência” ou “Um homem é aquilo que ele pensa o dia todo”.
Ray come em drive-ins pelo
caminho e se irrita com a espera pela comida. Isso quando não vem errada.
Quando chega ao quiosque
McDonald fica encantado com o que vê. Filas que andam rapidamente. Clientes
satisfeitos. Limpeza. E comenta com o sujeito que varre o chão:
“- Foi o melhor hamburger que
já comi”.
“- Sou Mac, quer fazer um
tour pelo nosso quiosque? Vou apresentar meu irmão Dick para você”, diz
sorrindo um dos donos da lanchonete que não serve em pratos. Só embalagens de
papel e cada um come seu hamburguer onde quiser.
A linha de montagem dos
irmãos Dick (Nick Offerman) e Mac (John Carroll Lynch), o cérebro e o coração
do McDonald, é perfeita. Em 30 segundos sai um sanduiche feito com cuidado e
habilidade. Vendem também batata frita e refresco.
“- Quero ouvir a história de
vocês. São o melhor restaurante que eu conheço. E olha que eu conheço bem a
área alimentícia!”, diz Ray simpático.
Aí começamos a entender como
foi possível partir de um quiosque para um império bilionário, presente em todo
os Estados Unidos e em 100 países do mundo.
Raymond A. Kroc cedeu a uma
ambição desmedida e tirou, sem dó nem piedade, os “dois caipiras”, como chamava
os irmãos, da empresa que eles haviam imaginado e montado. Em seu cartão lê-se
“Founder” da “The McDonald Corporation”, que alimenta 1% da população mundial
diariamente.
Ficou casado com a mulher
Ethel (Laura Dern) até a sua morte, para não dar para ela nenhuma ação da
empresa e casou-se com Joan (Linda Cardellini), que se afinava mais com sua
maneira de pensar e agir:
“- Contratos são como
corações. Feitos para serem quebrados.”
O diretor John Lee Hancock
conta essa história, que quase ninguém conhece, de maneira correta.
Michael Keaton está ótimo e
passa para a tela a ambiguidade de Ray Kroc, um homem batalhador mas pouco
atento à ética de suas ações. O roteiro de Robert Siegel mostra a escalada da
ambição de Ray e o lugar cada vez mais remoto que a preocupação com os outros
ocupa em sua mente.
Para muitos ele será sempre
admirável, um verdadeiro “winner”. Para outros, um sujeito sem moral, que
passou por cima dos verdadeiros donos do negócio, aproveitando-se de sua boa
fé.
Será verdade aquilo que dizem
que por trás de um negócio bilionário tem sempre um jogo sujo?
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