“A Negação” – “The Denial”,
Reino Unido, Estados Unidos, 2016
Direção: Mick Jackson
“- Onde estão as provas de
que Auschwitz existiu?”
É assim que a jovem e bonita
ruiva, professora Deborah Lipstad (Rachel Weiz), questiona seus alunos da
Universidade de Emory em Atlanta, Geórgia. Ela ocupa a cadeira de Estudos
Judaicos e do Holocausto. E vai fazer uma palestra no lançamento de seu livro
“Negando o Holocausto - O assalto crescente à verdade e à memória”.
Chega o dia e ela começa a
palestra, quando um homem se levanta e a interpela. Trata-se do historiador
britânico David Irving (Timothy Spall) que em seus livros nega que o Holocausto
tenha acontecido. Ele é simpatizante de “skinheads”, grupos de extrema direita,
neonazistas e apoiador do Terceiro Reich.
“- Não discuto com pessoas
que negam o Holocausto. É um fato. Não discuto fatos.”
Mas ele continua
interpelando-a, não a deixando continuar sua exposição e mais, levado pela
segurança, anuncia em altos brados que seus livros estarão na saída e serão
oferecidos gratuitamente a quem quiser, com seu autógrafo.
Trouxe uma equipe para filmar
sua performance e sai dizendo:
“- Meus livros são baseados
em fatos. Não contam histórias sentimentalóides.”
Dois anos depois, em 1996,
Deborah recebe uma intimação. David Irving abriu um processo de difamação
contra ela na Alta Corte de Londres.
Uma repórter pergunta:
“- O que foi que você
escreveu contra ele?”
“- Que ele é partidário de
Hitler e que distorceu evidências a fim de chegar a conclusões historicamente
insustentáveis.”
Em 1998 começa o processo de
“Davi contra Golias”, como Irving diz, fazendo piada. Ele mesmo vai defender-se
sozinho no tribunal.
Deborah escolhe Anthony
Julius (Adam Scott), famoso e comentado por ter sido quem fez o divórcio da princesa Diana.
Ele explica para sua cliente que na Grã Bretanha a justiça funciona diferente
dos Estados Unidos. O réu é que tem que provar a mentira do acusador num
processo de difamação.
Mulher e judia, Deborah, cujo
nome significa “guerreira defensora de seu povo” queria participar ativamente
do processo mas vai ter que ficar calada. O advogado Richard Rampton (Tom Wilkinson) escolheu uma defesa
baseada num argumento de que Irving, deliberadamente falsificava a verdade para
propagar o anti-semitismo e ganhar simpatia para o Terceiro Reich.
Isso vai custar a Deborah
Lipstadt aprender que ganhar o processo era mais importante que repetir o que
sabia sobre David Irving e pior, não poderia permitir que os sobreviventes de
Auschwitz falassem.
“- Irving vai humilhá-los.
Não precisamos disso,” diz o advogado.
O filme do britânico Mick
Jackson tem um excelente elenco e traz uma história real desconhecida do grande
público, que mostra que a verdade não é facilmente derrotada. Traz esperança
para esses dias de meias verdades ou mesmo mentiras deslavadas em que vivemos.
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