“A Chegada”- “The Arrival”, Estados
Unidos 2016
Direção: Denis
Villeneuve
“- Eu pensava que esse era o começo
da história...”
Essa frase misteriosa é dita por Amy
Adams com um bebê no colo. Vemos cenas dela com uma menina que
cresce.
“- Eu me lembro de momentos no
meio...”
A menina torna-se uma adolescente e
há uma conversa com um médico.
“- E este foi o fim. Volta para
mim...”, diz a mãe que chora, vendo a filha morta no leito do
hospital.
Intrigados com esse prólogo, quase
que esquecemos o começo do filme que parece não ter nada a ver com o que se
segue.
E vemos uma professora, com ar
distante, entrar numa sala de aula, sem perceber que há poucos alunos que
parecem assustados. Algo está acontecendo. Na lousa aparecem imagens de TV
anunciando que 12 objetos não-identificados estão em 12 regiões diferentes do
planeta. São alienígenas.
Mas o que vieram fazer aqui na
Terra?
Congestionamentos enormes. População
em pânico.
Mas a Dra Louise Banks ( Amy Adams)
não parece assustada mas deprimida. Ela é professora de linguística, famosa
autora e perita em traduções. Logo entra em seu escritório um coronel do
exército (Forest Whitaker) pedindo sua ajuda. Põe um gravador sobre a mesa e faz
ela escutar uma tentativa secreta de comunicação com os alienígenas. A gravação
tem ruídos que parecem sons de baleias.
“- Desculpe mas não posso fazer isso
assim... Eu teria que estar com eles.”
E, em plena noite, ela é acordada e
levada num helicóptero, com outras pessoas, para Montana, o lugar onde está uma
das naves.
Faz parte da equipe o matemático Dr
Ian Connelly (Jeremy Renner) que diz conhecer o trabalho de Louise e admirá-la.
Formarão uma dupla.
Nas tendas armadas pelo exército eles
ficam sabendo que vão entrar em contato com os
extra-terrestres.
A fantástica nave é uma figura
oblonga, muito alta, como um ovo alongado. Flutua a alguns metros do solo. A
cada 18 horas, um orifício se abre e a equipe poderá ser içada por um elevador e
entrar na nave.
E aí começa uma aventura de
descoberta e auto-descoberta que Louise vai experimentar. Ela precisa decifrar a
comunicação dos alienígenas para entender o que querem e não há nada que faça
sentido, até ela começar a ter visões de cenas com uma criança, sua
filha.
O quebra-cabeça é tanto no espaço
interior de Louise quanto no espaço exterior onde estão as
naves.
Denis Villeneuve adaptou para o seu
filme um conto de Ted Chiang, “The Story of Your Life”, que faz uma reflexão
sobre a memória, o tempo e o luto. E o roteiro de Eric Heisserer é uma fábula
sobre a comunicação com o desconhecido como uma alternativa ao medo e reflete
sobre o destino e o amor.
Amy Adams está extraordinária no
papel dessa mulher jovem e inteligente que, destemida, vai ao encontro de
emoções transbordantes. Merece muitos prêmios.
Numa visão pessoal, que fez sentido
para mim, baseei minha hipótese em duas frases de Louise, que ela fala em dois
momentos, depois de entrar em contato com os seres, na volta à tenda do
exército:
“- Penso que tudo que vemos lá dentro
refere-se a nós dois”, diz para o Dr Ian. E mais:
“- Agora eu compreendo porque meu
marido me deixou...”, que ela fala para si mesma.
E as cenas que a levam a intuir a
comunicação com os alienígenas, que só se dirigem a ela, são sempre com a filha
criança.
Pensando nisso, acho que tudo é um
sonho de Louise. Uma elaboração de seu luto, numa viagem por seus espaços
interiores, na qual enfrenta seus fantasmas, o sofrimento e a crise existencial
que ela está vivendo pelas perdas que sofreu.
Mas deixo ao espectador a
oportunidade de ver e entender esse belo filme a seu modo. Vai valer a
pena.
Sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Amy Adams e Jeremy Renner neste filme, já que pela grande experiência que eles têm no meio da atuação fazem com que os seus trabalhos sejam impecáveis e sempre conseguem transmitir todas as suas emoções, por se acaso você não tenha visto A Chegada o trailer essa será uma excelente oportunidade e garanto que você não irá se arrepender. Adoraria que fizessem a segunda parte deste filme por que o final deixou problemas sem resolver!
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