“A Luz entre Oceanos”- “The Light
between Oceans”, Reino Unido, Nova Zelândia, Estados Unidos,
2016
Direção: Derek
Cianfrance
Foi amor à primeira vista. Ele, saído
de Primeira Grande Guerra, estava triste e cansado. Vira tantos horrores que
queria afastar-se do mundo dos homens. Tom Sherbourne (Michael Fassbender)
conseguira o emprego de cuidador do farol da ilha de Janus. Ela, Isabel
Graysmark (Alicia Vikander), era jovem, bonita, a única filha que restara aos
pais dela, já que seus dois irmãos tinham morrido na mesma guerra que tanto
abatera Tom. Mas ela era vivaz, calorosa e na primeira vez que ele a viu, ela
estava com um vestido branco, alimentando as gaivotas no pier de onde ele
deveria partir para a ilha.
A caminho do farol, um almoço na casa
dos pais dela vai mudar completamente os planos de Tom quanto a querer voltar as
costa ao mundo. Ela o enfeitiçou. Saíram para um piquenique e ficaram juntos até
aquele inesquecível por do sol frente ao qual ela pedira para casar-se com ele,
a única maneira de irem juntos para a ilha.
Em Janus, a derradeira inibição de
Tom caiu por terra quando ele a tem em seus braços, tímida mas afetiva, seus
corpos falando a língua do desejo de ambos. Era amor e
paixão.
E quanto foram felizes passeando de
mãos dadas pela praia, na colina atrás da casa aconchegante, subindo pela
escadaria íngreme do farol onde se avistavam os dois oceanos que banhavam a ilha
deles.
“- Janus é o nome do deus de duas
faces”, conta ele para Isabel.
“Uma olha para o passado e a outra o
ano que começa. Daí o nome Janeiro para o primeiro mês do
ano.”
“- Essa face olha para o
futuro?”
“- O futuro não existe, Isabel.
Existem nossos desejos, aquilo que queremos que
aconteça.”
E eles queriam ser felizes. Aquela
ilha, seria o paraíso. Um tinha o outro. O amor deles era um projeto
concretizado.
E Isabel ficou grávida. Apesar de não
haver médico, nem hospital, ou qualquer outra pessoa na ilha, aquilo não os
assustou. Mas, numa noite de tempestade aquele sonho morreu. E uma cruz marcou o
lugar de um bebê que seria lembrado para sempre.
Triste, deprimida, Isabel parecia
outra.Tom a consolava:
“- Quando você tiver cinco filhos
correndo ao seu redor, isso vai se tornar um sonho
esquecido.”
Mas foi a mesma coisa com o segundo
filho. Ela não conseguia levar avante a gravidez. E outra cruz fez companhia à
primeira.
Isabel afundou. Calada, deitada no
capim seco, ela era a imgem da desolação. Tom, preocupado, não sabia o que
fazer.
Foi quando aquele barquinho apareceu,
ao sabor das ondas. Havia alguém a bordo. Os dois saem em disparada e encontram
um homem morto e um bebê, de poucos meses, chorando.
A transformação foi imediata. Parecia
que Isabel conhecia aquela menina da vida toda. Logo, ela estava alimentada,
trocada e dormindo em seu colo. Isabel parecia flutuar de tanta felicidade. Lucy
foi o presente que veio quando eles já não tinham mais esperanças de
felicidade.
Foi difícil convencer Tom a ocultar a
bebê e fazê-la passar por filha deles. Mas ele não teve forças para arrancar a
felicidade dos braços dela.
E o epílogo mostra a cegueira da
justiça frente aos sentimentos intensos que a perda de um filho faz surgir nos
pais.
“A Luz entre Oceanos”é um filme
belíssimo. Com cenas deslumbrantes da natureza, filmado na Nova Zelândia e
Tasmânia, tem a música inspiradíssima de Alexandre
Desplat.
O diretor americano Derek Cianfrance
soube adaptar o romance bestseller da australiana M.I. Stedman que conta uma
historia dramática e surpreendente.
O elenco brilha e a composição dos
personagens é perfeita.O Tom de Fassbender mostra-se tão apaixonado pela Isabel
de Alicia Vikander e com tanta força, que o personagem obscurece o ator, se não
soubéssemos que são casados na vida real. Vikander é doce e amarga, feliz e
trágica. Principalmente profunda. Uma
atriz jovem que conseguiu entender a complexidade de
Isabel.
O resto do elenco acompanha o casal,
destacando-se Rachel Weiz, bela e intensa.
Eu me emocionei até as lágrimas e não
fui a única. Vá ver você também esse filme que arrasta nossas emoções ao sabor
dos dramas dessa bela história.
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