“Invencível”- “Unbroken”, Estados Unidos,
2014
Direção: Angelina Jolie
Ela tem tudo. Beleza, dinheiro, amor, um coração
sensível que se compadece com as pessoas que sofrem, um marido bonito, amoroso e
seus seis filhos, entre adotados e do casal.
Além disso, seu rosto resplandece na tela cada vez que
ela aparece em um filme. Seu nome é bilheteria certa.
Mas ela quer mais. Porque é uma mulher inteligente que
aceitou o desafio de fazer cinema, não apenas como atriz, mas dirigindo atores.
Seu primeiro filme, “Na Terra de Sangue e Mel – In the Land of Blood and Honey”
de 2011, passava-se na guerra da Bósnia, anos 90 e contava as atrocidades
vividas pelas mulheres, vítimas desse conflito. Ela escreveu e dirigiu, com
talento, um filme duro e comovente.
Agora ela volta a dirigir com “Invencível” mas o roteiro
foi co-escrito pelos irmãos Cohen, a música é do premiado Alexandre Desplat, a
fotografia é de Roger Deakins, a canção final, “Miracles”, é da banda Coldplay e
o livro “best-seller” de Laura Hillenbrand é a matéria prima. Conta a história
de Louis Zamperini, que morreu em 2014 com 97 anos, um atleta olímpico
americano, filho de imigrantes italianos, que durante a Segunda Guerra está num
avião de bombardeio americano que cai no Pacífico, onde, sendo um dos três
sobreviventes, passa por um inferno de 47 dias perdido em alto mar, num frágil
bote salva-vidas.
Tubarões, sol inclemente, falta de água e comida,
tempestades, medo e desespero, são filmados por Jolie com realismo, conseguindo
dos atores a expressão daqueles que veem a morte rondar. Jack O’Connell faz
Zamperini com o rosto expressando dor e uma forte vontade de continuar
vivo.
E o pior ainda estava por vir, no campo de concentração dos
japoneses (muito bem recriado em cenários), que salvam os náufragos para enviá-los
para um destino desumano. Zamperini, especialmente, vai sofrer nas mãos de um
sargento sádico, vivido pelo cantor e compositor japonês
Miyavi.
Angelina Jolie foi esnobada pelos prêmios mais
importantes da temporada dos Oscars mas a impressão que ela deixa com esse seu
segundo filme, também sobre os horrores da guerra, é a de uma mulher que passou
por crises e momentos difíceis em sua vida, mas que, ao invés de falar de si
mesma, faz uma catarse, preferindo encenar filmes que levam as pessoas a pensar
em como é difícil sobreviver numa situação dessas. Exige compaixão do
espectador.
Então, mesmo sem querer, esses filmes nos levam a
refletir sobre Angelina Jolie como uma sobrevivente, que pacifica seus demônios
filmando histórias de dor, bem parecidas com a dela. Somos levados a sentir
compaixão e admiração, também, por ela, que apesar de todos os pesares, é uma
vencedora.
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