“A Teoria de Tudo”- “The Theory of Everything”, Reino
Unido, 2014
Direção: James Marsh
Mente brilhante, ele não correspondia ao clichê de um
coração frio. Cientista que compreendia coisas com que os outros mortais nem
sonhavam, nem por isso era entediante ou orgulhoso. Óculos enormes e um sorriso
brejeiro iam bem com o humor espirituoso daquele jovem
tímido.
Aluno respeitado pelos professores por causa de sua
inteligência inquieta e original, ele se encantou quando a viu saindo da igreja,
num domingo, com um tailleur creme, chapéu com fita na copa e luvas. Levava um
sorriso doce no rosto bonito e pisava leve pelo
caminho.
Já havia visto Jane pelo campo da universidade. E, numa
festa, ela perguntou o que ele estudava.
“- Cosmologia. Sabe? Uma única equação que explique
tudo.”
“- E qual seria essa equação?”
“- Essa é a questão. Eu tento acha-la”, responde
sorrindo.
Na casa dos pais dele, durante o almoço de apresentação
dela, perguntam o que ela estudava. E, ao ouvir que é poesia medieval, trocam
olhares zombeteiros.
Mas Jane vai mostrar-se à altura da tarefa que a
espera.
Mulher de um cientista respeitado no mundo inteiro, ela
será sempre seu verdadeiro amor e companheira corajosa que o ajuda a enfrentar o
que seria impossível para a maioria.
Tragicamente, os médicos dão a ele só mais dois anos de
vida. Ele tinha 22 anos e havia desenvolvido uma doença degenerativa incurável,
a doença de Lou Gehrig, também conhecida como esclerose lateral amiotrófica
(ELA).
Foi difícil para o casal com três filhos. Mas ele foi
sempre um pai brincalhão e carinhoso, mesmo quando a doença o colocou numa
cadeira de rodas.
Jane cuidava de tudo, incansável. Mas ele soube ser
generoso com aquela que ele amava e, quando foi preciso, abriu mão dela, para
que Jane pudesse ter uma vida que ele já não podia lhe
dar.
Seu espírito o manteve vivo e produtivo e mesmo a morte
respeitou sua vontade de viver. Stephen Hawking, 72 anos, não pensa em se
aposentar.
O diretor James March trabalhou com dois atores
deslumbrantes que interpretaram seres humanos excepcionais. Eddie Redmayne é
assombroso como Hawking, com todas as dificuldades que o papel apresenta. Ele
não só reproduz o corpo devastado pela doença mas é brilhante na compreensão do
homem, que ele interpreta com uma força gentil.
O próprio Stephen Hawking, que tinha ressalvas quanto ao
filme e ao ator, na estreia de “A Teoria de Tudo” assistiu ao filme chorando . Ele teria dito a Eddie Redmayne, quando se encontraram, que houve
momentos, durante o filme, nos quais ele se viu na tela. Certamente digno de
muitos prêmios, Redmayne já ganhou o Globo de Ouro de melhor
ator e o SAG award do sindicato dos atores. Indicado ao Oscar, é um dos favoritos.
Felicity Jones nunca foi tão encantadora e suave,
mostrando a coragem silenciosa de Jane, fazendo justiça a ela, que não teve uma
vida fácil.
“A Teoria de Tudo” teve 5 indicações para o Oscar:
melhor filme, melhor ator (Eddie Redmayne), melhor atriz (Felicity Jones),
melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora.
Um filme para todos.
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