Direção: Phillipe Garrel
É inevitável. Com o amor, vem o ciúme. Um misto de
sentimento de posse, medo de ser rejeitado, competição com os outros pela
atenção do ser amado, traumas infantís e muito mais. O ciúme normal é sempre
personalizado.
Já o ciúme doentio, traz com ele a marca da insanidade,
da doença. Mostra melhor sua ligação com a inveja, o desejo de
destruir.
Phillipe Garrel, no seu filme “O Ciúme”, para falar desse sentimento, tem que falar
daqueles que proclamam seu amor.
Clotilde chora. Percebe que Louis não a ama mais. A
separação é o fim daquele casamento, uma prisão para Louis.
A filha pequena ouve as discussões e o choro da mãe,
entre preocupada e ansiosa. Olha pelo buraco da fechadura. Vai perder o pai? Vai
ganhar o pai só para ela?
Pai e filha se entendem. O Édipo saudável é vivido com
intensidade pela garota, que faz alguns amuos ciumentos frente à nova mulher do
pai, mas é facilmente conquistada pela habilidosa
Claudia.
E os novos amantes fazem o roteiro de todos os que vivem
a lua de mel do começo.
Mas logo, ela que é atriz desempregada, tem mais tempo
para fabricar ciúmes. Sua auto-estima está baixa e não suporta que ele fale da
nova peça que ensaia com Lucie, que não é indiferente a
Louis.
Ele atrai a atenção das mulheres mas permanece
fiel.
E Claudia começa a descompensar. E como pensa em deixar
Louis, agarra-se a ele e faz cenas de ciúmes. O amor é para ela uma necessidade de ter companhia, alguém que a
cuide com mimos.
Vai a um teste para um papel no cinema mas é rejeitada.
Então começa a atrapalhar a vida de Louis. São pequenos detalhes, mas
adivinhamos que a ciumenta é quem vai trair.
Essa primeira parte do filme tem o título “Guardei os
anjos” e a segunda, “Fogo na pólvora”, quando os sentimentos se
intensificam.
Há um personagem marcante que aparece aqui. Um velho
professor responde a Louis quando ele reclama de
Claudia:
“- Ela te ama na medida da capacidade de amar que ela
tem. Todos vivemos uma história pessoal. Barreiras, receios, dificuldades...
Existem limitações no
amor...”
E quando Louis diz que ele não tem limites em seu amor
por Claudia, o velho responde:
“- Cuidado Louis. Isso é
perigoso...”
Phillipe Garrel, diretor do filme, é pai de Louis
Garrel, o protagonista (ele também está em “Saint Laurent”, o filme de Bertrand
Bonello). Anna Mouglalis, uma atriz sedutora, faz a amada de Louis e já foi Coco
Chanel no filme de Jan Kounen.
Em preto e branco, “O Ciúme” é um filme curto,
sofisticado e dirigido para plateias interessadas em investigações sobre a
natureza humana.
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