“Boa Sorte”- Brasil, 2014
Direção: Carolina Jabor
Toda Julieta tem o seu Romeu. Quase todo mundo conhece a
história trágica desses dois na famosa peça de Shakespeare. É o primeiro amor,
sendo vivido com beleza e drama.
Mas em “Boa Sorte”, a história de uma Julieta e seu
Romeu, tem detalhes diferentes.
Nossa Julieta tem trinta anos e sabe que vai morrer
logo. Está envenenada por um virus que não consegue combater. Os remédios não
fazem bem a seu corpo depauperado e belo.
Romeu aqui tem a idade certa, 17 anos e ela, apesar de mais velha do que ele, vai ser o seu
primeiro e grande amor.
Tudo se passa numa clínica psiquiátrica, onde ela está
internada por causa de sua dependência de drogas.
Os pais de João, o Romeu de nossa história, preocupados
com sua depressão, que ele combate misturando Frontal e Fanta Laranja, resolvem
interná-lo na mesma clínica em que a avó excêntrica de Judite (Fernanda
Montenegro, sempre o máximo), colocou a nossa Julieta.
Aliás as drogas, leves ou pesadas, são presença na vida
de todos os personagens de “Boa Sorte”. Essa é uma pergunta que o filme faz: por
que tanto remédio?
Deborah Secco teve que emagrecer onze quilos para ser
Judite. Sua beleza ganhou ângulos, seu corpo perdeu curvas mas a sedução
continua intacta, realçada pelo talento da atriz que se entrega com amor à
personagem.
A câmara mostra o corpo dela sempre que pode e, mesmo
magrinha e abatida pela doença, Judite resplandece com Deborah, com seu jeito de
menina sexy que nunca perde a vontade de brincar e rir.
Já seu parceiro João (João Pedro Zappa), perdidamente
apaixonado, vai viver meses, maravilhado, naquela clínica, paraiso de onde não
quer sair, por causa dela.
A diretora Carolina Jabor, 39 anos, casada com Guel
Arraes, também diretor e filha de Arnaldo Jabor, em seu primeiro longa de
ficção, nos envolve com essa história de amor.
Com delicadeza, ela vai mostrando as cenas que, muitas
vêzes, parecem sonhos. Amorosos mas também divertidos. Seus personagens não são
amantes trágicos.
O roteiro de Jorge e Pedro Furtado é leve e jovem,
apesar do tema dramático. Baseia-se num conto de Jorge Furtado “Frontal com
Fanta”.
E as ilustrações de Rita Wainer são deliciosas.
“Boa Sorte” comove na medida certa. Não tem tristeza de
mais nem de menos.
Vemos na tela a vida, com os elementos que não devem
faltar para ela ter sentido: amor e sofrimento que leva a
crescimento.
E saímos do cinema pensando nisso, ao som de Caetano
Veloso, sempre um precioso detalhe a mais.
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