“A Recompensa”- “Dom Hemingway”, Reino Unido,
2013
Direção: Richard Shepard
O palavrório inicial assusta os ouvidos mais delicados.
Uma louvação machista e narcisista, em tom exagerado, apresenta o personagem
central, Dom Hemingway, que está na cadeia há doze anos.
Jude Law, num papel bem diferente dos que costuma
representar, é ame-o ou deixe-o. Grosseiro, desbocado, agressivo, irritante. Ele
é tudo isso e um pouco mais.
“- Sempre tive problemas com a minha raiva, você sabe,
Dickie. Tentei ioga, CDs, aulas na prisão, mas ela ainda está dentro de mim...”
explica-se ele ao melhor amigo
(Richard E. Grant), depois de quase ter matado de
pancada o cara que vivia com a mulher dele, já morta, assim que sai da
prisão.
“- Perdi a infância de minha filha...” e olha o retrato
dela.
Pronto, até as almas mais escandalizadas com ele, marcam
um ponto a seu favor.
Mas, como exagera em tudo, num pub em Londres, tenta
recuperar os doze anos perdidos em três noites de bebedeira, cocaína e
mulheres.
Com Dickie no trem que os leva ao sul da França, onde
Dom vai cobrar uma dívida, ele comenta a ressaca:
“- São cossacos sodomizando o meu
crânio!”
E o tom desbocado e agressivo, principalmente quando
bebe, continua, mesmo frente ao chefão russo (Demian Bichir), que pode matá-lo
com um gesto.
Mas ele ficou calado por doze anos na prisão, não
entregou ninguém e merece uma recompensa. Infelizmente vai durar pouco a alegria
de Dom. Um acidente de carro, filmado de uma maneira original, vai ser a volta
para trás da roda da fortuna.
Mas será que quem salva uma vida vai ser recompensado
pela sorte no momento em que mais precisa dela?
O personagem de Jude Law tem uma reviravolta na vida e
tem que escolher entre o afeto e o dinheiro.
Ele está ótimo na pele de Dom Hemingway, dirigido por
Richard Shepard, que fez um filme com um visual atraente, trilha sonora bem
escolhida e vontade de divertir a
plateia.
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