Direção: Lee Daniels
“A escuridão não pode afastar a escuridão, só a luz pode
fazer isso.” Com essas palavras de Martin Luther King, o grande defensor da
causa dos direitos civís para os negros americanos, começa o terceiro filme de
Lee Daniels, 54 anos, que também dirigiu “Preciosa” 2009, que ganhou dois Oscars
e o recente “Paperboy – Obsessão” 2012.
Daniels é negro e ativista do movimento do Dr
King.
Forest Whitaker, 52 anos, faz o papel principal nesse
drama que conta a história de Cecil Gaines, um menino nascido nos anos 20 do
século XX, numa plantação de algodão no sul dos Estados
Unidos.
Criança ainda, vive uma tragédia dupla num só dia,
quando sua mãe é violentada pelo filho do patrão branco, que mata também seu
pai.
A mãe do assassino (Vanessa Redgrave), leva o menino
orfão para dentro de sua casa e o inicia nos afazeres domésticos. Ela não sabia
mas o destino vai jogar a seu favor e ele vai ser um dos mordomos da Casa Branca
e vai servir sete presidentes.
Dizem que o roteirista Danny Strong adaptou a biografia
do mordomo Eugene Allen para poder contar a história dos Estados Unidos,
principalmente os episódios que marcaram dramáticamente a luta pelos direitos
civís dos negros. E conseguiu. Em pouco mais de duas horas desfilam na tela os
acontecimentos mais marcantes dessa luta e seus
lideres.
Oscar de Melhor Ator pelo filme “O Último Rei da
Escócia” 2006, no qual interpretou o ditador africano Idi Amin, Forest Whitaker
emociona no personagem do mordomo.
Casado com Gloria (uma espetacular Oprah Winfrey), tem
dois filhos, Louis (David Oyelowo), rebelde e que adere com paixão ao movimento
iniciante dos direitos civis para negros, contra a vontade do pai e Michael, que
morre no Vietnam.
Grande ator, Whitaker sabe passar cada nuance desse
personagem que serviu toda a sua vida aos brancos, inclusive aos lideres do país
e desde o início, passa a ser transparente, como se não existisse, nem pudesse
ter ideias próprias.
Exposto às conversas políticas na Casa Branca e dividido
entre seu amor pelos filhos e a negação de que o mais velho tinha razão em sua
posição a favor dos cidadãos de sua cor, Cecil trava uma luta íntima entre o
“negro da casa” e a pessoa com direito a salário equivalente ao dos brancos e
acesso a promoções.
Dentre os sete presidentes a quem serviu, John Kennedy
parece ter sido o que mais perto chegou da causa defendida pelos negros, às
custas de maus tratos, linchamentos, assassinatos e
prisões.
“- Cecil, meu irmão Bobby disse que o seu coração foi
tocado e tocou o meu também ”, confessa o presidente a um emocionado
mordomo.
Nomes de peso do cinema americano fazem pontas no filme
como Robin Williams, que faz Eisenhower, John Cusak como Nixon e Jane Fonda,
perfeita como Nancy Reagan.
“O Mordomo da Casa Branca” termina na eleição de Barak
Obama presenciada por um velho e orgulhoso servidor da Casa Branca que,
finalmente, podia ter esperanças que seus irmãos de cor conhecessem respeito e
justiça.
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