“O Conselheiro do Crime”- “The Counselor”, Estados
Unidos, 2013
Direção: Ridley Scott
Antes mesmo dos letreiros, a câmera de Ridley Scott
penetra embaixo dos lençois de uma dupla, sussurando excitados. Apaixonados,
Michael Fassbender (de “Shame”), o advogado e Penélope Cruz (sensual e ingênua),
começam o desfile de estrelas, no filme “O Conselheiro do
Crime”.
A segunda dupla que aparece é mais vulgar, mas mais rica
do que o advogado e sua noiva. No deserto do México, Javier Bardem (sempre
excelente, com um visual de cabelo espetado, bronzeado e camisas incríveis), e
Cameron Diaz (arrasadora, sexy e fria) acompanham com binóculos a caçada dos
dois guepardos, seus bichinhos de estimação, que usam coleiras incrustradas de
pedras faiscantes.
Quando as duas moças se encontram na piscina do spa,
Malkina e Laura (Cameron e Penélope), conversam sobre o solitário que o advogado
deu para sua noiva e que comprou de um diamantário filósofo (Bruno Ganz, o ator
alemão de “Asas do Desejo” de Wim Wenders):
“- Um diamante perfeito seria feito de
luz.”
Enquanto Malkina, avalia a pedra com olhos de
conhecedora, Laura, romântica, nem sabe quantos quilates tem seu
anel.
O conselheiro é advogado da turma dos que negociam com
drogas. Quer mais dinheiro e é com essa gente que que ele vai buscar o que quer.
Mas, estranhamente, ele que se considera tão
inteligente, recebe lições dos clientes, que parecem saber bem mais do que o
conselheiro sobre como é o mundo onde todos eles se movimentam, puxando o tapete
uns dos outros e fugindo da polícia.
Brad Pitt dá aquele gingado no andar, se veste de
“cowboy” moderno, cabelos longos e aparece pouco. Mas a cena onde entra o
“bolito” (prestem atenção na explicação do personagem de Bardem), é só
dele.
Em sedas com estampas azuis, vestidos curtos mas de bom
gosto e tatuagens de pintas de um guepardo em lugares estratégicos no corpo
perfeito, Cameron Diaz, 41 anos, nunca vestiu tão bem um papel como o de
Malkina.
A cena com a Ferrari amarela é de cair o queixo.
Ela movimenta-se como uma felina e seus
olhos azuis escondem-se debaixo de uma franja loura.
Sempre carregada de ouro nos braços, colo, orelhas e
dedos, Cameron Diaz brilha como uma deusa pagã.
Ridley Scott, 76 anos, faz de “O Conselheiro do Crime”
um filme de grife. Alguém se esquece de “Blade Runner”1982 ou “Thelma e
Louise”1991?
A história, entretanto, com roteiro de Cormac McCarthy,
o escritor de “Onde os Fracos não tem Vez”, levado com brilho ao cinema pelos
irmãos Cohen, deixa a desejar. Diálogos longos e pseudo-intelectuais, quando não
abertamente empolados e verborrágicos, atrapalham a
narrativa.
De qualquer forma, vale ver esse último Ridley Scott,
pelo elenco fabuloso e pela maneira farsesca como essa fábula moral
contemporânea mostra que o crime não compensa e que a ganância é
mortal.
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