Direção: Gore
Verbinski
Certas histórias, contadas seja na
literatura, TV ou cinema americano, vão sendo aos poucos recontadas com maior
precisão histórica. Ou seja, uma outra versão, mais de acordo com os fatos, se
impõe. Mas como fazer isso sem chocar uma nação?
“O Cavaleiro Solitário” começa bem.
Porque um menino, vestido de “Lone Ranger”, com máscara e distintivo, quer saber
mais sobre a história de seu país.
Estamos em São Francisco, 1933 e o
garoto entra numa feira e vai visitar o pavilhão “Wild West” (Oeste Selvagem).
Em vitrinas, ele vê um búfalo empalhado, um urso idem e se assusta com um velho
índio, pintado de branco e com marcas de pintura de guerra, que traz uma ave
negra na cabeça e surpreendentemente fala:
“- Vamos fazer uma troca? Você me dá
uns amendoins e eu te dou...isto!”, diz, acenando com um ratinho morto que sai
de seu bolso.
Johnny Depp, com seu jeito
característico de atuar, imediatamente faz uma ligação com a plateia e o filme
deveria se chamar “Tonto” porque ele rouba todas as
cenas.
É ele que conta a história que começa
no Texas em 1868, época em que todos os americanos que lá viviam, andavam
armados, disputando o território palmo a palmo com búfalos, ursos e
índios.
Muita bandidagem, corrupção e maus
instintos, iriam tingir de sangue aquela paisagem singular, suas pristinas
areias e rochas solitárias, formando desfiladeiros estreitos que serviam para
emboscadas fatais.
E a dupla “Lone Ranger” e Tonto vai
entrar em choque justamente com esse lado mau do Velho
Oeste.
John Reid, o cavaleiro solitário (Armie
Hammer), é um homem que defende a justiça e a lei. Tonto é o último sobrevivente
de sua tribo, extinta pela ganância dos homens que queriam suas minas de
prata.
Parecem uma dupla estranha mas a vida e
os ideais comuns os unem.
“O Cavaleiro Solitário” é um faroeste
com tudo ao que o gênero tem direito. Vemos homens e cavalos, os “cowboys”,
roubos a bancos, a implantação da ferrovia transcontinental, perseguições loucas
em cima dos vagões dos trens e até um bordel, chefiado por uma atraente Helena
Bonham Carter, que tem uma perna falsa de marfim, sexy e
mortal.
Tem também o lendário Silver, cavalo
branco imponente, que ajuda o cavaleiro solitário em apuros. “Aiôôô Silver!” é o
grito de guerra do “ranger” (policial), que foi muitas vezes chamado erradamente
de Zorro, por causa da máscara negra.
Lançado no feriado de 4 de julho nos
Estados Unidos, não foi o sucesso de bilheteria esperado.
Pode ser que a história do país,
contada levando em conta a verdade dos fatos, apesar das piadas e situações
divertidas inventadas pelo roteiro, ainda é indigesta para os americanos, que
preferem heróis mais escapistas e menos melancólicos que Tonto e o “Lone
Ranger”.
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