Direção:Brian Klugman e
Lee Sternthal
Se há algo que fascina no
filme “As Palavras” é o fato de nos darmos conta de que a ficção e a realidade,
na literatura, tem limites tênues. Quando um escritor escreve um livro, quanto
de auto-biográfico ele é? Alguém consegue escrever sobre algo que não
viveu?
No filme, um escritor
(Dennis Quaid) prepara-se, nas primeiras cenas, para uma leitura de trechos
escolhidos de seu novo livro “As Palavras”.
Ele começa a ler para uma
plateia lotada de admiradores, como é costume nos Estados Unidos e na tela vemos
os personagens vivendo os fatos da história que ele lê.
Assim, um jovem escritor,
Rory Jansen (Bradley Cooper) e sua bela esposa (Zoe Saldana) entram em uma
limusine. Ela feliz, mas percebe-se que algo o incomoda. E isso é estranho
porque seus olhos estão longe de espelhar um orgulho natural por ter sido
agraciado com um prêmio de literatura.
Súbitamente, um outro
personagem entra na história. Um homem envelhecido (Jeremy Irons, como sempre
soberbo), mal vestido, barba, chapéu que conheceu dias melhores e uma capa de
chuva, com um semblante fechado, parece espreitar a saída do escritor Rory Jansen na limusine.
O escritor continua a
leitura de seu livro em “off” e há uma frase intrigante que diz que aquele homem
da capa de chuva antiquada chegava para mudar tudo na vida do escritor Rory Jansen.
A história que é lida
para a plateia traz dois escritores, o jovem e o velho, e um romance perdido, e
não publicado, entre eles.
E nós nos perguntamos
coisas como de onde vem a inspiração para se escrever uma obra prima? A vida
vale mais que as palavras que um escritor busca para descrevê-la? Vale mentir
para se tornar um escritor famoso?
Talvez a melhor frase do
filme e, claro, do livro que o escritor lê para sua plateia, seja a dita pelo
velho senhor da capa de chuva:
“- Minha tragédia foi ter
amado mais as palavras do que a mulher que as inspirou...”
Há três casais que se
amam e enfrentam dificuldades em épocas diferentes. O soldado americano em Paris
no pós-guerra e Célia, a francesa. O jovem escritor Rory Jansen e sua mulher
Dora, em lua de mel em Paris, ganha de
presente uma pasta antiga. E o escritor que leu seu livro para a plateia, Clay,
que é seguido por Daniella, até seu apartamento chic e sem alma em Nova
Iorque.
Quantos escritores de
verdade existem nesse filme? São três, dois ou um só que imaginou tudo
isso?
Ficamos com as nossas
próprias conjecturas porque Clay, o leitor de seu livro, responde
vagamente:
“- Talvez...Talvez...”, a
todas as perguntas de Daniella que está curiosa.
Os roteiristas e
diretores estreantes Brian Klugman e Lee Sternthal criaram uma história sobre
escritores e literatura que, contada através do cinema, adquire um toque
original. Afinal, ninguém vai poder ler o livro que está no livro que narra as
aventuras de um original inédito, que é uma obra de arte...
Ficam as perguntas a ser
respondidas por quem for ver o filme, principalmente aqueles que gostam de
escrever.
Nenhum comentário:
Postar um comentário